A crônica da resistência
Opiniao

A crônica da resistência

12/01/13

Era uma vez uma criança que na escola não ia bem. Os outros garotos sempre mexiam com ele, e caçoavam de seu peso extra – já que era gordinho. No futebol não ia bem, as meninas não olhavam para ele, sua pipa era a mais feia e sua auto-estima ia por água abaixo. O bullyng que sofria só fazia aumentar seu complexo de inferioridade. Ainda com doze anos, aprendeu uma lição.
Seu pai lhe deu uma tábua  e pediu para fazer um risco nela. A tábua continha dez centímetros de largura e cinco de altura. O risco deveria ser feito verticalmente, de cima para baixo com um canivete. A espessura da tábua era apenas de três centímetros. A receita era simples, toda noite antes de dormir o menino deveria fazer um risco, justamente no mesmo lugar que fizera anteriormente.
Como o pai recomendou tal tarefa, tão logo o menino solicitou: -Pai, você tem um canivete? – Não filho, eu não tenho. Respondeu o pai pacientemente. -Você deve encontrar qualquer coisa cortante para fazer os riscos na tábua. O menino foi na gaveta da cozinha e pegou uma faca e fez o tal do risco. Curioso, ele perguntou:
– Olha pai já fiz. Agora, pra quê serve isso?
– Ótimo filho, agora guarde a tábua no seu quarto e todas as noites antes de dormir  passe a faca no mesmo lugar riscado.
– Por que, pai?
– Quando a tábua partir, te conto, filho.
A criança, sem saber o intuito daquela tarefa, repetiu sempre a mesma ação como o pai lhe dissera. Cada vez que ele riscava a tábua no mesmo lugar, o sulco aumentava. Chegou um dia que o buraco ficou tão profundo que a tábua se rompeu. Após um mês e alguns dias, o filho vai ter com o pai:
– A tábua se partiu, e agora? O pai olhou para seu filho longamente: -Vem cá, senta aqui no sofá. Filho, você nunca acreditaria que a tábua se romperia com tão pouco esforço, não é? O menino olhou para a madeira partida, ficou pensativo e o pai continuou.
– O êxito ou o fracasso da sua vida não depende de quanta força você põe numa tentativa; mas sim da persistência no que você faz.
Depois de algum tempo, o moleque melhorou na escola, se motivou para a vida, não dava bola para colegas bobos, se esforçou no futebol, devorou livros, e as meninas passaram a olhar mais pra ele.

“Não dê costas ao sol, pois só verás sombras” – ditado chinês.

guilherme.lazzarini@yahoo.com.br – Publicitário e Fotógrafo