A Líbia e seus tristes 42 anos
Opiniao

A Líbia e seus tristes 42 anos

Amigos leitores, nos últimos meses temos assistido verdadeiras revoluções que atingem países da África e oriente, dos quais muito pouco ouvíamos falar e que encontram-se no triste grupo das nações pobres e principalmente muito pouco desenvolvidas em relação a tantos pontos inovadores que hoje revolucionam o dia a dia do brasileiro, mas que naqueles lugares, tudo ainda é muito difícil e de acesso somente aos mais elitizados! Exemplos são muitos como: acesso a inclusão digital, ao estudo em universidades, a igualdade entre homens e mulheres, saúde, educação, bem estar social, etc.
A Líbia passou a ocupar o centro das atenções internacionais, agora que o Egito se acalma e segue ou ao menos procura seguir com paz sua trajetória! As manifestações líbias ocorrem contra um governo comandado por um militar que assumiu ainda muito jovem, com apenas 27 anos, o governo de toda uma nação! O então jovem líder, Muammar Kadafi, poderia ter estruturado seu país, fortalecer seu povo e então no mais digno gesto de patriotismo, promover o que é de direito ao povo e o que teria eternizado seu nome de maneira positiva: promovido a tão saudável democracia! Infelizmente sendo a carne fraca e a mente ambiciosa e sedenta de poder, perpetuou-se no poder e hoje, após 42 anos, no poder, podemos dizer que o idealista de outrora, tem como profissão ser presidente, primeiro ministro, ditador, chefe do exército, enfim, qualquer cargo que lhe confira poder supremo! Sim , poder supremo, pois para minha surpresa e para muitos dos leitores, saibam todos que Muammar Kadafi no atual momento não é o Primeiro ministro da Líbia! Como pode ele não ser o Primeiro Ministro da Líbia, se tais manifestações ocorrem justamente para afastarem Muammar Kadafi do poder?
Verdadeiramente a Líbia possui um do secretário do Comitê Popular Geral (equivalente a primeiro-ministro), chamado Al Baghdadi Al Mahmudi, o qual é oficialmente o líder governamental daquele país, mas na prática, quem governa é o General Kadafi, ou seja, ninguém vai às ruas para derrubar o Primeiro Ministro, mas sim para derrubarem o chefe do Primeiro Ministro! Certamente com a possível queda de Kadafi, cairá também seu “funcionário” subalterno, o Primeiro Ministro!  Qualquer semelhança com alguns estados do nordeste, onde o governador “pede a benção” de antigos coronéis ou de antigos ex-governadores que mandam e desmandam, certamente é mera coincidência!
Fortemente apegado ao poder, desde 1969, Kadafi tem reprimido as manifestações com violência militar pesada e manifesta que não se cogitam possibilidades de renunciar ao cargo informal de “Capo di Tutti”, ou seja, chefe de tudo!  Recentemente Kadafi realizou um duro discurso ao seu povo, sendo a parte mais importante aquela em que “carinhosamente” ele fez ameaças de morte aos manifestantes. No documento divulgado pela embaixada, termos parecidos surgiram. Al Mahmudi, o primeiro-ministro, diz que a Líbia pretende proteger sua segurança, a integridade do território nacional e “não possibilitar à Al Qaeda se apoderar” de uma parte da Líbia e ameaçar a Europa. Segundo o premiê, a Líbia tem um “um código de conduta assinado pelo povo líbio pela preservação da unidade nacional” e quem rejeitá-lo “assumirá as consequências”.  De fato, a tomada do poder, quando realizada por facção rival e tão radical quanto a que hoje governa, seriam altamente prejudicial para aquela nação, mas o que não pode continuar é a opressão, pois nascemos para a liberdade e para a felicidade!
Um pequeno grupo, não pode se considerar o dono da verdade e nesse mundo, todos tem direito a opinião!

Marcos Rodrigues Pinchiari é cirurgião-dentista em Santo André – E-mail: mpinchiari@yahoo.com.br