Acordo sobre clima mundial
Opiniao

Acordo sobre clima mundial

A Folha do ABC, mesmo sendo um periódico sobre municípios, notícias muito importantes do exterior devem ser divulgadas para conhecimento da população.

Em Cancun, no México, foi uma surpresa quando representantes de quase 200 países estiveram reunidos na Conferência da Organização das Nações Unidas ONU e sob protestos da Bolívia, aprovaram na madrugada de sábado dia 11 de dezembro, medidas para combater o aquecimento global no mundo.

Foi estabelecida a criação de um Fundo Verde permitindo que países em desen-volvimento possam receber recursos das nações industrializadas para reduzirem suas emissões de CO², estabelecendo-se também que o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e De-gradação Florestal (Redd) que é impor-tante para países com florestas – tais como o nosso – levará à compensação financeira para quem mantiver suas matas. Isso obviamente não resolve todos os problemas, porém poderá levar a negociações mais importantes no futuro.

A Bolívia solitariamente tentou abater esse mecanismo Redd sob a infeliz alegação que, ao pagar para preservar as florestas, a humanidade estaria perpetrando a “perenização do capitalismo”.
Essa tentativa de bloquear o programa foi imediatamente cancelada pela Presidente Patrícia Espinosa, que sob aplausos unânimes afirmou que “consen-so não significa unanimidade”. Os delegados dos países menos favorecidos, foram os que mais aplaudiram.

Entretanto Organizações não Governa-mentais, tais como a Greenpeace, apesar de celebrar a decisão, igualmente fizeram críticas à falta de metas para o segundo período do Protocolo de Kyoto, pois houve influência negativa do Japão e da Rússia, que não desejaram se compro-meter com o segundo período do citado Protocolo, bem como os Estados Unidos que se dirigiu para o México com “escassez de compromissos” para o corte de gases estufa.

A conferência andou com pequenos avanços localizados como algum detalha-mento do acordo sobre redução de desmatamento (Redd+). Segundo consta o texto final de Cancun define que – entre 2013 e 2015 – ocorrerá uma mudança das metas de longo prazo da redução de emissões de CO² .

Os países ricos comprometeram-se a desembolsar – até 2012, um valor aproximado de US$30 bilhões, que seria para países menos desenvolvidos come-çarem a se preparar para a mu-dança do clima e outros impactos que já exis-tem como erosão da costa e salinização dos lençóis freáticos.

Sob administração provisória do Banco Mundial foi criado em Cancun o Fundo Verde do Clima, que recebe parte “significativa” desses recursos, começando sob administração provisória do Banco Mundial, porém está supervi-sionado por um conselho em que países pobres terão no mínimo representação paritária.

A chanceler mexicana Patrícia Espinosa conseguiu aprovar os Acordos de Cancun – cuja principal responsabilidade é romper a inércia de Copenhague, e assim restabeleceu a confiança para um novo começo, disse ela.

O Fundo Verde não deve beneficiar diretamente o Brasil pois é prioridade ficar com os países menos favorecidos e vulneráveis como os da África.

A conferência do clima de Cancun terminou às 3 horas e trinta minutos da madrugada de sábado, mas a proteção efetiva da atmosfera para um acordo internacional com força de lei, ficou para o futuro.

Israel Zekcer, médico pediatra e alergista, fundador da Faculdade de Educação Física de Santo André – FEFISA, autor  do livro “Adolescente também é gente”, ex-deputado estadual por três gestões e Sec. de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo e atualmente vereador em Santo André.