Agência do ABC discute futuro da indústria e cooperação com BNDES
Política

Agência do ABC discute futuro da indústria e cooperação com BNDES

O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC, Aroaldo da Silva, e o secretário-executivo do Consórcio ABC, Mário Reali, receberam, nesta terça (9), uma comitiva do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para debater o futuro da indústria na região, que tem sido impactada com a desaceleração industrial. Também foi discutida uma cooperação entre o BNDES e a Agência em prol do desenvolvimento da indústria local.

Segundo dados divulgados pelo analista do DIEESE, Subseção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Warley Soares, o ABC perdeu mais de 80 mil empregos, nos últimos dez anos, e a renda média atual é de R$ 3.680, que está abaixo da remuneração da média do ABC de 2002. “O ABC é um terço menor do que éramos em 2010”, disse.

De acordo com Warley, os mais de 30 mil postos de empregos gerados, recentemente, na região correspondem apenas à reposição no mercado de trabalho, devido à perda nos anos anteriores, com a pandemia de Covid-19. Além disso, deste total, 18,4 mil vagas de empregos foram geradas na área de prestação de serviços. “A balança comercial do ABC está no mesmo patamar de 2010. Há o empobrecimento da região, do setor industrial para o da prestação de serviços”, alerta o analista.

De 2013 a 2021, o ABC perdeu mais de 80 mil vagas de empregos e a remuneração média caiu de R$ 4.487 para R$ 3.680, segundo dados divulgados da DIEESE. Além disso, na que tange aos empregos por setor no ABC, a área industrial encolheu de 269.835 mil empregos em 2011, para 181.259 em 2023. Na área de construção civil, o ABC caiu de 40.420 para 34.317, no mesmo período; no Comércio, de 140.359 para 149.317 e na área de Serviços, cresceu de 358.858, para 381.294. “A redução do emprego na indústria de transformação foi intensificada na última década, onde o ABC registrou menos 85,5 mil empregos”, revela Warley.

O analista ainda destacou a perda da riqueza industrial da região. “O ABC também perdeu 42% de riqueza industrial entre 2010 e 2019, enquanto que o Brasil perdeu 8%. Em 2010, a região tinha participação de 2,5% no PIB total do país, já em 2019, este índice caiu para 1,8%”, destacou. Apesar disso, Warley ainda avalia que a região ainda tem uma capacidade de desenvolvimento. “O ABC é uma região que tem capacidade de desenvolvimento, mas é afetado mais duramente pelo processo de desindustrialização, mas também é uma região que tem capacidade de retomar, de ser uma região propositiva para o desenvolvimento do país”, frisou.

O diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos, Nelson Barbosa, destacou que, nestes primeiros meses de governo, a instituição tem passado por uma reestruturação. “Estamos com o desafio de trocar o pneu do carro, com o carro andando. Temos um quadro de onde o BNDES estava indo e onde ele tem que virar. Temos  esse acordo de colaboração técnica, que estamos finalizando com a Agência do ABC, e com o Consórcio e as Prefeituras. O BNDES está saindo da torre de marfim do isolamento que ele viveu nos últimos seis anos para cumprir a sua função”, contou.

De acordo com o diretor, a demanda de empréstimos do BNDES tem aumentado, principalmente para capital de giro. “O mercado secou para grandes empresas. Neste início de ano, estamos deixando mais para capital de giro, porque é uma necessidade emergencial. Não dá para ficar falando em longo prazo se a empresa fechará amanhã. Mas, também temos que pensar a longo prazo, fazer os dois ao mesmo tempo e parte deste acordo que estamos fazendo aqui é vamos atender as emergências, mas vamos pensar a longo prazo, afinal este governo foi eleito para isso. Retomar o papel do BNDES no planejamento, no auxílio e na cooperação com vários setores”, revelou.

O diretor do Ciesp de Santo André, Norberto Perrella, também ressaltou a importância dos investimentos na indústria local, por meio de incentivos do BNDES. “Precisamos ter acesso para que possamos realmente utilizar esse momento para crescer. A indústria, principalmente, a de pequeno e médio porte está quase sucateada, precisa de investimento, investir em inovação para que ela possa se mostrar competitiva no mercado e é fundamental que tenhamos auxílio através de financiamento em projetos que possamos ter. Mas, é importante que a gente traga a realidade da pequena e média empresa para essa situação de fomento”, avaliou.

Já Mário Reali destacou o papel da Agência para o setor produtivo e a para a construção de uma agenda de desenvolvimento. “Precisamos articular as redes e esse é o papel da Agência. E a Agência é o órgão que dialoga com o Consórcio, mas traz esses outros atores, os Sindicatos, a Ciesp, a Associação Comercial, o setor produtivo, principalmente, para termos uma agenda de desenvolvimento local. É importante articular essas camadas porque o que queremos é melhorar a vida dessas pessoas, e o que as pessoas querem é ter emprego e oportunidade”, disse.

Reali ainda salientou a parceria com as universidades da região. “Também queremos articular, principalmente, com as universidades, as reflexões que precisamos para ter uma agenda de inovação. A tecnologia está mudando o mundo e precisamos estar cada vez mais atentos a isso”, disse. Aroaldo da Silva também destacou a importância das universidades do ABC para contribuírem com o desenvolvimento das indústrias. “Nenhuma região do Brasil tem um universo de universidades como temos aqui no ABC, então, de fato, o ABC, de fato é um território de conhecimento, um território universitário. Então, temos muita capacidade de elaboração, de pesquisa, de desenvolvimento”, analisou.