Aos 10 anos o Facebook ameaça o jornalismo
Opiniao

Aos 10 anos o Facebook ameaça o jornalismo

15/02/14

Saibam vocês que usam e se neuroti-zam todos os dias neste Facebook que esta rede social completou 10 anos semana passada. Foram 10 anos que abalaram o mundo virtual. E pense num dado que me surpreende: o Facebook, uma empresa que não existia há 10 anos, tem hoje tantos usuários quanto a população da Índia: 1,23 bilhão de pessoas. Assim como a Web, a Wikipedia e o Skype, o Facebook foi resultado da visão de um único indivíduo visionário e talentoso, como Mark Zuckerberg.

Qual será o futuro do Facebook?
A meu ver, essa pergunta tem duas respostas possíveis. A primeira delas é a de que essa rede vai transformar profundamente o Jornalismo que conhecíamos até o final do século 20. O novo jornalismo – instantâneo, online ou em tempo real – terá que ser complemen-tado por novos espaços (sites ou portais) muito mais confiáveis, mais precisos e éticos.
O que vivemos hoje nesta rede social é apenas a fase caótica de transição do Jornalismo do século 20. A internet e, em especial, o Facebook, criaram um mundo de comunicação muito menos confiável, movediço, instável, produzido sob o calor da emoção, da resposta instantânea e de um ritmo muito acelerado do que qualquer jornalismo eletrônico anterior.

A web mata o jornal
As redes sociais condenam definitivamente o velho jornalismo impresso – dos jornais e das revistas – como formas de comunicação de massa.
Não tenho dúvida em afirmar que estamos vivendo o primeiro capítulo dessas mudanças nestes confrontos de opiniões na web, com a presença caótica de milhões de cidadãos que não tinham voz nem preparo para o diálogo democrático. Nossa esperança é que, no exercício diário do diálogo político e cultural, o cidadão se eduque para a democracia.
Uma praga que, infelizmente, se espalha por todos os países nas redes sociais é a ação das tropas de choque – de todos os matizes ideológicos – com sua linguagem panfletária, agressiva, sem ética, manipuladora, que não hesita em disseminar calúnias e mentiras numa sórdida pregação político-ideológica. Com muito mais distorções que em qualquer outro momento das comunicações no século 20. É nesse clima que se enfrentam hoje esquerda e direita, numa disputa que não tem limites em seu oportunismo e demagogia.
Os mais otimistas acreditam que, numa segunda etapa, os bilhões de usuários das redes sociais e da internet em geral aprenderão a usar esse novo mundo virtual de forma muito mais civilizada, ética e equilibrada. Teremos conteúdos culturais muito mais consistentes, debates muito mais democráticos, noticiários confiáveis em todos os segmentos, sem o aparelhamento dos paranoi-cos, radicais ou fundamentalistas de todos os matizes, como tem acontecido com alguma frequência neste nosso espaço, nos blogs engajados ideologicamente.
O que nos dá algum alento é a possiblidade de fusão de redes e grandes projetos virtuais como o Facebook, o Google (em especial o YouTube) e a Wikipedia.
Se e quando o Facebook chegar ao seus 20 anos – no dia 4 e fevereiro de 2024 – a internet será algo totalmente diferente do que é hoje, amigos. Viveremos a explosão da Internet de Todas as Coisas, com a interligação de objetos, partes, peças, materiais, veículos, casas, móveis, livros, pessoas, empresas e instituições. A partir de 2020, a forma de comunicação dominante não será interpessoal, mas entre máquinas ou coisas. Isso não é ficção.

Ethevaldo Siqueira é jornalista especializado em telecomunicações e professor universitário, e-mail esiqueira@telequest.com.br