As pandemias no tempo até o Coronavírus
Luiz José M. Salata Opiniao

As pandemias no tempo até o Coronavírus

Desde há muito tempo se registra surtos que afetaram uma grande parte das populações dos diversos países ao longo de períodos remotos e atuais. Quanto mais voltarmos no tempo, são as imprecisões sobre as doenças e suas gravidades. Porém, existem evidências históricas que são mais que suficientes para a demonstração da gravidade delas no seu tempo: – a Peste Antonina (165-180), com cinco milhões de mortes, foi devastadora, cujo nome dado foi o da dinastia vigente em Roma, que causou a morte do imperador Lúcio Vero e Marco Aurélio. A sétima mais letal; – a Praga de Justiniano (541-542), com perto de cinquenta milhões de mortes, cujo local mais afetado foi Constantinopla. A origem veio dos ratos infestados de pulgas infectadas que chegavam dos barcos mercantes. O imperador Justiniano contraiu a moléstia mas sobreviveu. A quarta mais letal da história; – a Epidemia de Varíola Japonesa (735-737), com um milhão de mortes, desenvolvida pelo intercâmbio crescente entre Japão e o continente asiático que deu lugar a outras epidemias, iniciada na cidade de Dazaifu, após pescador japonês a contrair na Coréia; – a Peste Negra (1347-1351), com duzentos milhões de mortes. É considerada a pandemia mais mortífera e com impacto mais duradouro na história da humanidade. Iniciado o surto na Ásia Central, passando pela Rota da Seda até chegar à Península de Criméia, em 1343. Hospedada nas pulgas dos ratos, se espalhou por toda a Europa usando como meio de transporte os barcos dos comerciantes. Os técnicos avaliam que a Europa tardou duzentos anos para a recuperação o nível habitacional. A primeira mais letal da história – a Varíola (1520), com cinquenta e seis milhões de mortes. Desconhecida no continente americano, mas chegou com os europeus e foi introduzida no México pelos espanhóis e foi determinante na queda do império azteca. A segunda maior da história. – a Peste Bubônica (1600), com três milhões de mortes. Teve distintos surtos nos diversos epicentros ao longo do século XVII, um dos significativos o de Londres que durou de 1665 a 1666, e foi a última grande epidemia de peste bubônica na Inglaterra. – as grandes Pestes do século XVIII  (1700), com seiscentas mil mortes. Foram diversas epidemias que surgiram em distintos países, sendo a mais conhecida  a peste russa  de 1770-1772, também conhecida como a peste de 1771; – a Cólera (1817-1923), um milhão de mortes. Decorrente pela falta de tratamento dos excrementos humanos e a ausência de água potável foram os principais responsáveis por sua propagação. No período foram produzidas seis pandemias desta doença em distintos pontos do continente asiático; – a Terceira Peste (1855), com doze milhões de mortes. A terceira pandemia de peste bubônica surgiu em Yunnan, na China, durante o quinto ano do imperador Xianfeng da dinastia Qing. Espalhou-se por todo o mundo embora nenhum outro lugar sofreu um impacto tão mortífero como a Índia que teve dez milhões de mortos. É a sexta pandemia mais letal da história; – a Febre Amarela (final dos anos 1800), cento e cinquenta mil mortes. Originada da África com transmissão entre primatas e humanos, o vírus e seu transmissor que é o aedes aegypt, um mosquito, foram levados ao continente americano por barcos de comércio de escravos; – a Gripe Espanhola (1918-1919), com cinquenta milhões de mortes. A primeira pandemia causada pela gripe H1N1 e tornou-se a terceira mais letal da história, mas dizem infectou quinhentos milhões de pessoas no mundo; – a Aids (1981 e atualidade), com trinta e cinco milhões de mortes. É causada  por um vírus de imunodeficiência que se originou em primatas na África no século XX, com contaminação em várias partes do mundo; – a Gripe Suína (2009-2010), com duzentas mil mortes. Foi a segunda pandemia causada pelo vírus H1N1, quase um século após a gripe espanhola, com origem da combinação com um vírus da gripe suína; – a Ébola (2014-2016), com onze mil e trezentos mortes. É uma febre hemorrágica  viral que afeta os humanos e outros primatas, cujo surto mais violento ocorreu em 2014 na África. Pelo visto, nos dias atuais enfrentamos a assustadora pandemia do coronavírus que já causou grande número de mortes e mudança radical nos costumes das populações a nível mundial, nos mais variados aspectos da vida pessoal, familiar e negocial, com a completa paralisação das atividades humanas decorrente da quarentena imposta e necessária para o combate a tão terrível mal. Nos poucos dias de tão rápida e radical mudança nota-se a percepção daquilo que nunca talvez tenhamos percebido o inestimável trabalho prestado por todos os servidores da saúde, a eles o nosso profundo reconhecimento e eterna gratidão.