Nas vésperas da cidade completar 146 anos, José Auricchio Júnior, disse estar “absolutamente realizado” em seu quarto mandato como prefeito de São Caetano. O maior destaque, entre as realizações deste terceiro ano de governo, está o programa ‘Avança São Caetano’, que prevê 15 grandes intervenções e outras 90 obras, com investimento total de R$ 713 milhões. Auricchio revelou que está conseguindo recuperar o “tempo perdido” de um ano, em que ficou afastado da Prefeitura, devido a um impasse judicial. Para o segundo semestre, o prefeito adianta que tem a expectativa de entregar, até o final do ano, uma parte das obras do ‘Novo Centro’ de São Caetano. Também haverá entregas de escolas e Unidades de Saúde. Na área política, o tucano afirmou que não existe “urgência” de pensar no seu futuro partidário. Confira.
Folha do ABC – O sr. já passa da metade do terceiro ano deste quarto mandato. Em linhas gerais, como o sr. avalia o ritmo do governo neste primeiro semestre? E o que o sr. considera de maior relevância para São Caetano, neste ano e qual será o tom da administração até o final de 2023?
José Auricchio Júnior – Sinto-me, absolutamente, realizado do ponto de vista da vida pública, da minha passagem pelo quarto mandato. Não adianta olharmos isolado, acabamos olhando o conjunto e o conjunto, me sinto realizado e realizador. Deixamos um legado muito sólido para a cidade, com preservação da qualidade de vida, de itens fundamentais, melhorias, da criação de alguns que não eram previstos, talvez há 15, 20 anos.
Então, acho que a minha responsabilidade como prefeito está sendo cumprida no rigor do que planejamos e do que almejava. É óbvio que o ano que fiquei fora, teve uma perda, mas estamos conseguindo, na medida do possível, recuperar este tempo perdido, com a firmeza que recuperamos. Porém, só vamos poder falar isso quando concluirmos o mandato em dezembro de 2024.
Estamos com as obras, talvez uma ou duas em exceção, dentro do cronograma. Talvez, com uma pequena margem. Algumas até adiantadas em relação ao cronograma, mas temos uma expectativa de, até o final do ano, entregar uma parte das obras do ‘Novo Centro’ de São Caetano. Temos escolas e Unidades de Saúde a serem entregues. Iniciar um grande quantitativo dessas obras. Então, para este mês de agosto, vamos finalizar os editais de licitação para estarem todos na rua, para que possamos de fato, só dar a ordem de serviço depois e acompanhar a execução dos contratos.
Folha – O sr. lançou o Avança São Caetano, meses atrás. Trata-se do maior programa de obras da história da cidade. Na ocasião, foram anunciadas 15 grandes intervenções e outras 90 obras, que terão investimento de R$ 713 milhões. Como está avançando este programa? Quais as entregas que serão feitas até o final deste ano?
Auricchio – O ‘Avança São Caetano’, que corresponde a um investimento na ordem de R$ 700 milhões, vem seguindo absolutamente dentro do plano que imaginávamos do ponto de vista de cronograma, pequenos ajustes que faltam, que sabemos que fazem parte da rotina. Temos uma perspectiva não só de concluir todo esse programa, obviamente, com exceção das obras que já tinham planejamento maior do que 24 meses, que foram as que lançamos no começo desse ano, que obviamente vão atravessar para o próximo mandato do próximo prefeito ou prefeita de São Caetano, para que tenhamos a certeza que o conjunto das intervenções estará entregue até 31 de dezembro de 2024, que é o compromisso que assumimos.
Folha – Nas áreas mais sensíveis à população, como Educação e Saúde, os grandes destaques, ficam, respectivamente, com os Complexos Educacionais Santa Maria e Mauá (em construção) e com a entrega do Atende Fácil Saúde? Além desses, quais outros o senhor considera?
Auricchio – Na Saúde, a entrega do Atende Fácil Saúde foi um sucesso. Os números falam por si. Não tem dia que passa sem ganharmos uma recomendação positiva sobre o equipamento. A Saúde Animal ganhou um destaque, uma visibilidade, uma presença estrutural muito grande e quero dizer que ainda não é o ponto terminal desta matéria, muito pelo contrário, temos grandes avanços para trazer, ainda, ao longo deste próximo ano.
Agora, vamos iniciar, semana que vem, muito possivelmente, as obras do ProntoCardio São Caetano. Vamos iniciar também, ainda em agosto, a expansão do Hospital Municipal de Emergências. Vamos dar início a construção da UBS do Centro, a UBS do bairro Nova Gerty, ou seja, tem muito ganho pela frente. A política de essência farmacêutica é uma das questões que a Secretaria de Saúde leva com o maior rigor possível. Vamos ter novidades, também pela frente, enfim, o cardápio da Saúde é muito grande. Vamos continuar entregando.
Na Educação, a Minéa (secretária de Educação) tem feito um papel extraordinário de colocar a cidade de volta no eixo do desenvolvimento educacional, que sempre foi uma marca de São Caetano. Ela teve isso como mérito porque quando eu a convidei, ela era secretária adjunta da Capital, era um desafio. Na época havia dito que o maior desafio seria equalizar o pós-Covid e ela fez isso com muita classe, qualidade e, hoje, temos uma Educação retomada do ponto de vista de qualidade. O EducaTec, o Educa Mais Vidas mostram isso, a requalificação dos equipamentos educacionais da cidade mostram isso. O crescimento qualitativo de indicadores Ideb, etc, mostram isso.
Então, é continuar neste caminho, vencendo os desafios que surgem. A nossa próxima etapa é a conquista plena da educação em tempo integral. Hoje, temos pouco mais de 60% das unidades neste modelo, mas queremos deixar, até o final do ano que vem, todas as unidades em período integral instaladas na cidade.
Folha – Como estão os desdobramentos do impasse judicial sobre a dívida de R$ 120 milhões que a CPTM cobra da Prefeitura, e que foi sacado de um fundo judicial na gestão anterior?
Auricchio – Passamos por um momento, ainda, de muita conturbação econômica por conta daquele processo que o Fundo de Depósitos Judiciais do Banco do Brasil nos acomete por um saque indevido feito em 2015 e 2016, numa ação onde existia um depositário judicial da Companhia Paulista e Três Metropolitanos (CPTM), essa ação transitou em julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), o fundo ficou descoberto, a Prefeitura é chamada a cobrir o fundo, o que nos traz uma perda sem correções da ordem de R$ 120 milhões, que é um impacto econômico muito grave sobre as finanças da cidade. A questão de 15 dias atrás, nós tivemos uma decisão judicial de constrição de R$ 57 milhões desse valor de R$ 120 milhões, e quando digo R$ 120 milhões, estou dizendo sem correção, se você colocar a correção da tabela do Tribunal de Justiça, esse valor ultrapassa R$ 150 milhões.
A ordem de constrição partiu da 2ª Vara Cível de São Caetano. E nós, através da Procuradoria do Município, contestamos essa constrição, através de um embargo de declaração, que estamos aguardando definição, mas é um cenário muito preocupante do ponto de vista de desdobramentos do que acontecerá. Da nossa parte, a gente quer ser um bom pagador, mas desde que isso possa, primeiro, caber no orçamento da cidade e ter um planejamento adequado para que não interfira na qualidade da gestão e, sobretudo, na qualidade de vida das pessoas.
Estamos numa expectativa de qual vai ser a decisão da juíza em cima deste embargo de declaração que a Procuradoria impôs a esta ação e, obviamente, que vamos recorrer às instâncias superiores, à medida que esta constrição se concretizar, que quero crer, ter esperança, que não se faça.
Folha – Na área política, o sr. permanece no PSDB, mas avalia que uma mudança de partido possa ocorrer caso o PSDB não consiga atingir a reestruturação proposta para retomar o protagonismo no cenário político?
Auricchio – Esta urgência de pensar no meu futuro partidário não exis-te. Posso pensar nisso com muita calma, em 2024, 2025, até 2025, início de 2026. Não tenho uma urgência, tenho uma torcida que o PSDB se reestruture. Isso, tenho mesmo, até pelo carinho. É muito importante, torço para que haja uma reestruturação a contento efetiva e com resultados da reconexão do PSDB com a sociedade.
Certamente, a Federação PSDB-Cidadania, espero que esteja no nosso processo sucessório. Agora, como não temos, ainda decisão, sobre o processo sucessório. Então, fica difícil afirmar isso. Temos a expectativa de contar com a Federação, até porque hoje não se trata apenas de um partido.
Folha – Qual o presente que o sr. gostaria de dar à cidade, neste aniversário de 146 anos?
Auricchio – Acho que até perdi a conta, são 14, 15 aniversários da cidade que passo como prefeito, mas de qualquer maneira, acho que o sentimento maior que fica para nós, especialmente neste último mandato, é um mandato de entregas e realizações. Ainda que tenhamos passado por um período difícil, de ter ficado praticamente um ano fora da cadeira, acho que conseguimos, acho que, hoje, nesse momento podemos falar que conseguimos parear todo o planejamento que tínhamos de quatro anos, que tivemos que acabar realizando.
É um orgulho muito grande como prefeito, pela quarta vez estar come-morando os 146 anos de aniversário da fundação da cidade. Na verdade, estamos indo para o 75º ano de autonomia político-administrativa de São Caetano, que, de fato, o que conta do ponto de vista histórico é a fundação, mas o que conta do ponto de vista político-administrativo é o período de autonomia, a autonomia que se fez frente ao município de Santo André, na época, e que vamos agora, em outubro, atingir o seu 75º aniversário. De qualquer maneira, a gente tem uma alegria muito grande de compartilhar com a cidade essas datas.
