Como avaliar o CES 2013? (I)
Opiniao

Como avaliar o CES 2013? (I)

26/01/13

Para alguns jornalistas brasileiros, o International Consumer Electronics Show (CES) é hoje “um evento decadente e sem importância”. Discordo radicalmente dessa avaliação e, como resposta, faço a seguir um balanço do CES 2013, realizado em Las Vegas de 6 a 11 de janeiro.

Imagens incríveis em ultradefinição
Comecemos pelos fatos. O CES deste ano lançou cerca de 20 mil produtos e apresentou os primeiros televisores comerciais com imagens Ultra High Definition (UHD) 4K, em 3D, ou seja, com definição de 8 milhões de pixels, que chegam ao mercado a partir deste mês. Além disso, superou todos os demais eventos de eletrônica do mundo, com 3 mil expositores, área útil de 180 mil metros quadrados e mais de 150 mil visitantes profissionais. A exposição mostrou uma dúzia de opções de televisores comerciais de 85, 100 e 110 polegadas de LED, 3D e ultradefinição 4K. E lançou os maiores televisores de LED orgânico (Oled), 3D e 4K, com telas de 65 a 85 polegadas. Um espetáculo visual insuperável, até aqui.
Na área de áudio high-end, apresentou os produtos de mais de 200 empresas de 50 países. A cada ano, o CES dá maior espaço à mobilidade, aos smartphones, aos tablets e todos os tipos de computadores portáteis. E ampliou ainda mais as seções dedicadas à automação de veículos, à casa digital e às aplicações mais interessantes e valiosas da eletrônica em saúde e forma física, em ambiente doméstico.
Tudo na nuvem

Ingressamos na era da nuvem
Outra novidade entre os lançamentos comerciais foram os jogos na nuvem. Embora o conceito de computação em nuvem já tenha alguns anos, as ofertas de serviços e conteúdos ainda eram relativamente pequenas. A nuvem marca, na verdade, um novo momento na ampliação do mercado de diversos conteúdos, de que é melhor exemplo a promoção do Projeto Ultravioleta feita no CES 2013. Para quem não se lembra, o Ultraviolet Project, lançado há dois anos, oferece diversos conteúdos na nuvem – entre os quais filmes, DVDs, blu-rays, CDs e aplicativos. Só nos últimos meses, entretanto, o projeto começou a decolar. Talvez estejamos ingressando na era da nuvem, no comércio eletrônico de conteúdos.
Embora já contasse com a adesão de empresas como a Microsoft, HP, Sony, Apple, Panasonic, Samsung e estúdios de Hollywood, o projeto Ultravioleta era pouco mais do que uma ideia ousada. O cliente compra conteúdos de um CD, de um DVD ou de aplicativos dessas empresas, mas não leva nada para casa, a não ser um código de acesso ao conteúdo pela internet. O conteúdo fica na nuvem. Com isso, o cliente pode acessar seus filmes, músicas ou aplicativos onde estiver e quando quiser. Um dos melhores avanços do projeto é o lançamento de um servidor doméstico que armazena seus filmes, numa espécie de nuvem particular acoplada à sua TV a cabo, e permite baixar todos os DVDs e blu-rays que o cliente comprou ou alugou.
Evento decadente?
Com base nesses fatos e números, não tenho dúvida em afirmar que o CES 2013 tem cumprido sua finalidade básica: dar ao visitante um retrato abrangente e fiel do estado atual da indústria eletrônica de entretenimento no mundo e das grandes tendências da tecnologia nessa área.
Evento atraiu 5 mil jornalistas
Por que desqualificar, a priori, esse evento? Talvez por terem outras expectativas, meia dúzia de jornalistas brasileiros e dois norte-americanos insistem em desqualificar o CES, como evento “decadente”.
Não concordo com as críticas desses papas da tecnologia. Nada tenho contra esses meus colegas, nem vou citar nomes aqui. Meu objetivo é mostrar minha avaliação e as razões pelas quais discordo desse juízo depreciativo. E, para minha surpresa, essa avaliação foi encampada até por um colunista brasileiro que sequer viajou a Las Vegas. Ele não viu e não gostou. Como pode alguém fazer qualquer tipo de crítica sobre um grande evento que não visitou? É claro que essa não foi a visão da maioria dos jornalistas e blogueiros brasileiros e internacionais, que, aliás, fizeram excelente trabalho de cobertura do CES 2013.           (Continua)

Ethevaldo Siqueira é jornalista especializado em telecomunicações e professor universitário, e-mail esiqueira@telequest.com.br