Confiança
Opiniao

Confiança

“É pra você ir até a sala do patrão”, disse um funcionário à Ramirez – quem era um trabalhador honesto, profissional e esforçado. Ele trabalhava no setor de logística.

Ramirez bate à porta do diretor e um dos sócios abre. O diretor está sentado atrás de uma mesa: “Olá senhor Ramirez. Sente-se” ordenou de forma contida. “Obrigado senhor” agradeceu o funcionário. “Produziu bastante nesse mês, hein, fez um bom trabalho”. “É uma satisfação trabalhar nessa empresa, senhor.” justificou Ramirez. “O motivo de eu chamá-lo aqui é que estou procurando um gerente para supervisionar o transporte e estoque. Exige mais responsabilidade, mas paga mais. Seria do interesse do senhor?” Quis saber o diretor. “Claro que sim!” O sócio que estava pouco atrás da cadeira onde Ramirez sentava, ouvia o diálogo atenciosamente.
“Perfeito!”, comemorou o diretor. “Então, a título de teste, você deve trabalhar no turno da madrugada, ok? Logo, o diretor pega um papel e entrega à Ramirez, e diz: “Vai vir uma lista de 17 engradados que vão chegar” – o diretor nesse momento faz algumas anotações – “porém, um dos engradados irá para um galpão separado.” Nisso seu Ramirez observa com atenção o papel que o diretor lhe deu, cuja lista de produtos é um relatório para preencher. “Seu Ramirez, quando completar o relatório eu gostaria que colocasse que recebemos 16 engradados” O funcionário olha de forma espantosa e fala com voz tímida: “Vão chegar 17 e o senhor quer que eu coloque 16?” “É isso mesmo!” Um silêncio reina na sala.
“Eu tenho um outro objetivo para o engradado que vai sobrar”, alerta o diretor.” Você está no meu time, não está Ramirez?” Ramirez fica nervoso, e o diretor continua: “Pense e me dê uma resposta. Preciso saber se quer mesmo esse cargo” Ramirez apenas se despede: “Boa noite senhor”. O sócio abre a porta e lhe confere dois tapinhas no ombro como quem diz: “Boa sorte, pense direto e veja lá o que vai dizer amanhã”.
No dia seguinte, Ramirez responde: “Senhor, agradeço muito por ter um emprego aqui, mas não posso fazer o que pediu”. Nesse momento, o diretor tem cara de poucos amigos. “E por que não?” Ramirez respira fundo ao que lhe é taxativo: “Porque é errado, senhor!” E continua: “Seria uma desonra para minha família eu mentir no relatório”. Diretor e sócio trocam olhares, o diretor junta as mãos ao encarar o candidato: “Sabe o que pode acontecer com seu emprego aqui, não sabe?” Cabisbaixo e um tanto triste responde: “Sim senhor, eu sei!”.
Diretor e sócio entreolham-se. O diretor estende a mão em direção à Ramirez: “Senhor Xavier Martinês Ramirez, posso apertar sua mão? Ramirez olha sem entender bem. “Você me deu a resposta certa.” afirma o diretor e, chacoalhando as mãos, continua: “Procuro alguém para gerenciar o transporte e estoque, porém, o que queremos é alguém de confiança. Você aceita o cargo?” “Seria uma honra senhor.” “Ótimo, ajustaremos seu salário. Parabéns, o cargo é seu.” E então o diretor continua com as coordenadas: “Valter, nosso sócio, dará todos os detalhes a você. Obrigado, e pode ir Ramirez”.
As últimas palavras foram de Valter: “Obrigado por sua integridade. Isso é raro hoje em dia.”

“A confiança é a coisa mais difícil de ganhar, e também a mais fácil de perder” – autor desconhecido.