Localizado na Rua José Pelosini, região central de São Bernardo, o Conjunto Anchieta se tornou ícone da cidade na década de 1960, quando foi erguido para servir de conjunto comercial e residencial. O local abrigava lojas, restaurantes, cinema e era frequentado por famílias tradicionais da cidade. Foi então que, após boatos de que seria construída no local uma estação de metrô, os lojistas foram buscando outros espaços, pois temiam a desapropriação prometida.
Os anos passaram, alguns comércios fecharam as portas e a parte do local, com aspecto de abandono, passou a ser frequentado por usuários de drogas, abrigar prostíbulos e moradores de rua, além de casas noturnas que funcionam sem alvará. Em frente ao imóvel, há uma praça, onde é comum ver usuários de crack consumindo droga à luz do dia, o que fez o local começar a ser chamado, por alguns, de ‘Cracolândia do ABC’.
Em 2022, as famílias proprietárias do espaço, se mobilizaram para, judicialmente, regularizarem a situação do imóvel. “Iniciamos um trabalho amplo de retirada dos criminosos e invasores, já conseguimos boa evolução e esperamos o apoio também das autoridades, tanto Policia Civil quando Defesa Civil, Prefeitura, pois de fato se trata de um problema social além do iminente risco de desabamento devido à moradia de pessoas na cobertura irregular do edifício”, conta o advogado Gabriel Rabinovici, que está à frente do caso.
Rabinovici conta que o condomínio está buscando retirar o AVCB dos Bombeiros para continuar se reerguendo. “Estamos fazendo a gestão de melhorias constante para se adequar aos parâmetros legais e devolver a cidade a joia que é esse tradicional empreendimento. Entretanto, o apoio da sociedade civil e do poder público é fundamental, pois sozinhos dificilmente termos êxito no prazo desejado, além é claro, da importância urgente de resgatar os usuários de drogas que estão no local e lhes prestar o tratamento correto, além de se fechar os estabelecimentos ilegais que ali se encontram”, explica.
O advogado ainda revela ainda que há riscos de desabamento do Conjunto Anchieta. “Não é raro ver, principalmente aos finais de semana, pessoas se utilizando de drogas e causando temor em toda a população do entorno. O local é exclusivamente comercial, mas existem famílias morando dentro dos arranques de obras, que são locais altamente insalubres e perigosos para morar. Ademais, o risco de desabamento é cada dia maior”, revela.
Atualmente, os proprietários dos estabelecimentos e os inquilinos estão sendo notificados para que prestem esclarecimentos do ramo de atividade que desenvolvem e a que título estão no local. A ideia é retomar as atividades comerciais no espaço, que possui alvará para construção de 19 andares. “Fato é que estamos tendo bons avanços, com técnica e um trabalho humanizado, entretanto, é necessário a atuação do poder público no auxílio desse movimento de revitalização do local, pois existem problemas sociais que superam a competência de atuação dos proprietários e seus representantes legais”, diz.
