Essa é uma história que aconteceu no tempo da escravidão. Muitos negros tinham a vontade de fugir de um regime autoritário em que seus “donos” lhes maltratavam. A fuga, entretanto não era uma prática corriqueira, já que seriam condenados à morte. Carrascos espalhavam-se por toda a fazenda.
Escarlet, uma negra de muita força espiritual, tinha fé é coragem. Ela queria fugir e seus irmãos queriam acompanhá-la. Porém, deixou-os com a promessa de um dia voltar. Não apenas para salvar os irmãos, mas também libertar todos os escravos.
Fugiu. Despistou de alguns capangas e seguiu rumo a um sítio bem distante onde mais escravos estavam presos, incluindo sua mãe. Escolheu peregrinar à noite quando os vigias dormiam. Enfrentava florestas, desertos, noites chuvosas,montanhas e afins. As estrelas a guiavam. Havia um negro que se refugiara numa caverna. Escarlet foi até lá, mas nada encontrou e desconfiou que ele tivesse sido recapturado. E então caiu uma chuva torrencial.
Ela passou a noite na caverna e sabia que estava sendo procurada. Mas precisava encontrar sua mãe a qualquer custo. Seguiu viagem madrugada adentro quando a chuva cessou, e atingiu seu destino aos primeiros raios de sol.
Entretanto, a fim de libertar os escravos desse sítio, ela deveria esperar atrás de arbustos, pois a guarda já sabia da presença de uma negra fugitiva, mesmo assim, avançou à senzala e conseguiu encontrar sua mãe. Os demais escravos estavam foragidos ao pé de uma montanha próximo dali.
Ao chegarem à montanha encontraram os colegas muito maltratados, inclusive crian-ças e idosos. Dentro da gruta, Escarlet ouviu do grupo que um escravo que servia os senhores feudais na fazenda ali próximo conseguiria roubar uma carroça. Ela disse ao grupo: “Dois de vocês mais eu buscaremos a carroça com o cavalo. Os demais fiquem aqui na caverna.Voltaremos em instantes.” E assim foi feito. Quando retornaram à gruta, todos subiram na carroça e rumaram numa noite fria ao covil de onde Escarlet havia saído originalmente.
E, antes do amanhecer, já haviam salvo seus irmãos e o resto dos escravos. Conhecida como ‘A Heroína’, Escarlet foi uma referência, mesmo na cidade grande onde viveu livre, sempre em prol dos direitos dos mais excluídos.
“O sucesso e o amor preferem o corajoso.” – Ovídio (43 a.C.– 17 d.C.), poeta romano
