Crônica da tábua riscada
Opiniao

Crônica da tábua riscada

O garoto Ben não ia mal aos estudos, não conseguia conversar com as meninas como faziam seus colegas. Nos esportes ele era deixado de lado. O bullying crescia à medida que ele se sentia inferior, pois quando as pessoas mexiam com ele, Ben não fazia nada, já que não sabia se defender. O desânimo era intenso e sua estima era baixa. Aos treze anos tomou uma surra de um menino do clube, simplesmente pelo fato de que o menino gostava de bater nos outros e o escolhido foi Ben – nada fora do óbvio para um garoto que era considerado bobo pelos ‘amigos’.  
Os conselhos da escola, as dicas dos pais e as sugestões da família não faziam com que Ben revertesse a situação. Foi quando seu pai resolveu lhe dar uma lição e lhe entregou um pedaço de madeira.
– Olhe filho aqui está uma tábua e você deve riscá-la. Todas as noites antes de dormir faça um risco no mesmo vinco.
No dia seguinte, o menino, então, logo depois do jantar foi até a gaveta da cozinha, pegou uma faca e fez o primeiro risco. Curioso, ele perguntou:
– Olha pai, já fiz. Pra quê serve isso, afinal?
– Ótimo filho, guarde a tábua com você e não se esqueça de fazer o traço sempre no mesmo local da tábua. Daqui algum tempo ela se romperá em dois pedaços. E, então, eu conversarei contigo.
– Mas pai, esta tábua é grossa, eu nunca vou conseguir cortar esse troço apenas com um risco por dia.
O pai explicou ao garoto a relevância de executar tal lição, de modo que o adolescente começou a repetir rotineiramente sempre a mesma tarefa e, toda vez que ele riscava a madeira no mesmo traço, o sulco na tábua se aprofundava mais e mais. Ben percebia que esse exercício estava a chegar ao fim, de maneira que sempre comunicava seu pai que o pedaço de madeira estava prestes a arrebentar. O garoto se sentia ansioso a cada dia ao realizar que tudo aquilo, por incrível que parecesse, era possível e, que seu objetivo, estava a ser concluído.
Contudo, eis que o buraco ficou tão profundo que a tábua se dividiu em duas. Após dois meses e meio, Ben, aliviado foi comunicar o feito:
– Pai, a tábua se partiu, e agora?
O pai olhou para seu filho longamente balançando a cabeça:
-Vem cá Ben, senta aqui no sofá. Filho, você nunca acreditaria que isso fosse possível né? Romper uma tábua com tão pouco esforço…
O menino ficou pensativo e o pai continuou:
-O êxito ou o fracasso da sua vida não depende de quanta força você põe numa tentativa; mas sim da persistência no que você faz. Filho, a vida te dará muitos socos, e pode ter certeza que você vai cair na maioria deles, como tem acontecido ultimamente, pois nós não somos tão fortes assim o quanto gostaríamos. Mas o que importa mesmo é o quanto você consegue resistir. Caia dez vezes e levante onze. Ninguém vai passar a mão na tua cabeça para sempre, por isso mesmo bata no peito a cada vez que você se sair vitorioso, e não permita que ninguém te desrespeite. Não permita que ninguém fale que você não pode, porque você pode! Levante a cabeça e ânimo! Estarei sempre ao seu lado à disposição.

“Oportunidade: frequentemente ela vem disfarçada sob a forma de infortúnio ou derrota temporária” – Napoleon Hill assessor político e escritor – (1883 – 1970, EUA).