Às margens da Rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo, a empresa Ecovias, em sua sede, mantém, desde 2008, um Viveiro de Mudas.
Segundo Edelir Almeida, Supervisora de Sustentabilidade da Ecovias o viveiro foi desenvolvido por duas necessidades. A primeira delas foi para a produção de mudas para compensação ambiental. “Cada vez que faz uma obra na rodovia, a concessionária causa um impacto no meio ambiente e a Cetesb indica que a compensação tem que ser realizada por meio de plantio compensatório de árvores nativas da nossa mata atlântica”, afirma Edelir. Com o passar dos anos, a Ecovias viu a necessidade de produzir as próprias mudas ou invés de compra-las. Foi então que surgiu o Viveiro de Mudas.
Um grande diferencial do local é que toda a parte produtiva fica aos cuidados de 22 pessoas, entre homens e mulheres de idades variadas, com deficiência intelectual. “No início, eram apenas cinco pessoas. Hoje, estamos com 22 pessoas, que são responsáveis por todas as etapas do processo produtivo. Desde receber o substrato, a seleção de sementes para a germinação, até a etapa de manutenção das mudas maiores”, revela Edelir. Os jovens são contratados em regime CLT e trabalham de duas a cinco vezes por semana. Por segurança dos funcionários, o processo de plantio da muda na natureza é feito por empresa contratada.
Este ano, no dia (4) de outubro, o Viveiro completa 15 anos. Ao longo deste período, mais de 1 milhão de mudas já foram plantadas ao longo do Sistema Anchieta-Imigrantes e demais rodovias administradas pela Ecovias. “Nossa capacidade é de até 100 mil mudas por ano. Hoje estamos com 25 mil mudas no viveiro”. Há mais de 70 espécies no local, entre elas pau-brasil, coração de negro, pitanga e ipê amarelo.
“Aqui nós temos um microclima. Começamos o dia com 12°C, logo estamos a 26°C e logo a temperatura cai denovo. Neste microclima da nossa região, não são todas as espécies que se desenvolvem. Então, plantamos em torno de 70 espécies e, dentre elas, escolhemos as que estão em menor quantidade na mata, para enriquecer o bioma”, explica Wilson Siqueira, Técnico Ambiental da Ecovias.
Wilson revela que as sementes usadas na fabricação das mudas são compradas de uma empresa certificada pelo Ministério da Fazenda. “Nós temos um rastreio da onde foi feita a coleta das sementes. Isso nos dá uma tranquilidade da entrada da matéria prima no viveiro. Sabemos que a semente é certificada e não causou impacto no meio ambiente. Nosso substrato é certificado como orgânico. Todo o resíduo do Ceagesp vai para uma empresa que processa o material e nós compramos. Ele é inerte, sem cheiro e está estabilizado, não atrai insetos”, afirma Wilson.
Outro diferencial é que a água usada para regar as mudas é captada das chuvas. A estrutura possui calhas para captação de 15 mil litros de água. Em seguida, a água vai para a ETA – Estação de Tratamento e, em seguida é utilizada no plantio. “A água que sai da ETA é potável”, afirma Wilson. Em 2012, o projeto do Viveiro de Mudas foi premiado na 9ª edição do Benchmarking Ambiental Brasileiro, um dos mais importantes reconhecimentos da área de Sustentabilidade no país.
O local possui ainda uma horta com verduras e legumes orgânicos que são doados a colaboradores e visitantes. “Eu gosto de vim aqui, me desenvolver. Mostro para minha família que sou capaz”, revela Cristina, uma das funcionárias do viveiro, que trabalha no local desde o início. “Trabalhamos todo mundo junto, conversamos. Aqui é minha vida. Minha vida é trabalho”, revela o funcionário Renan. Zé Roberto é um dos mais antigos do viveiro. Trabalha no local há 15 anos. “Gosto muito de vim aqui, de mexer nas plantas”.
Fotos: Marco A. Zerlin
