Expressões Populares
Opiniao

Expressões Populares

A origem das expressões populares que usamos com frequência já tiveram outros significados um dia. Um dos exemplos clássicos é a expressão “quem tem boca vai a Roma”. Segundo estudos, o original era muito parecido, mas com significado diferente como” quem tem boca vaia Roma”, forma de os romanos criticarem os governantes locais.
Essa viagem fraseológica deve-se aos estudiosos que escreveram os livros clássicos sobre a matéria (Câmara Cascudo, Antenor Nascentes, João Ribeiro).
Sérgio Rodrigues reproduz em seu livro sobre a “Língua Brasileira”esses ditos populares e tantas outras expressões idiomáticas.
– Acabar em Pizza:- surgiu na década de 1950. Não foi por denúncia de corrupção. Após áspera discussão, diretores do Palmeiras decidiram ir a uma pizzaria ; ali as intrigas ficaram para trás.
– Aos Trancos e Barrancos:- expressão portuguesa. Tranco é um tipo de salto dado pelo cavalo ou também um golpe brusco; barranco é uma vala aberta por enxurrada ou cavada pelo homem.
– Arroz de Festa:- era uma sobremesa servida por famílias ricas de Portugal em todas as refeições, parecida com o nosso arroz-doce.
– Bicho-Carpinteiro:- outro ditado alterado pelo tempo. Sobre as crianças atrevidas e espevitadas, normalmente alguém dizia que elas não ficavam quietas porque pareciam ter “bicho no corpo inteiro”. O uso incorreto modificou para bicho-carpinteiro.
– Dar uma canja:- mais um exemplo de utilização inadequada. A expressão surgiu nos anos de 1960, com o Clube dos Amigos do Jazz, entidade que reunia centenas de fãs. Eles ficaram conhecidos pela sigla CAMJA, e deixavam os instrumentos musicais a vontade. Dessa forma nasceu a frase “dar uma canja “.
– Homem não chora:- A frase não tem nada de prova de masculinidade. Trata-se apenas de uma maneira de os esquimós se protegerem do frio. Eles não poderiam correr, porque se suassem, poderiam congelar, e sofrer de hipodermia. Com as lágrimas acontecia algo parecido, o que prejudicaria a visão.
– Lágrimas de Crocodilo:- O crocodilo é feroz, mas não chora por compaixão. Enquanto o animal mastiga, automaticamente pressiona o alimento contra o céu da boca ; assim comprime as glândulas lacrimais. As lágrimas brotam, mas o bicho continua mastigando a presa.
– Lavar a Égua:- A expressão surgiu no turfe. Era costume quando a égua ganhava um páreo no hipódromo seu dono jogar champanhe sobre seu corpo.
– Santo do Pau Oco:- surgiu em Minas Gerais nos tempos do Brasil colonial. Para escapar dos impostos cobrados pelo rei de Portugal, os donos de minas e grandes senhores de terras, colocavam ouro em pó, pedras preciosas e outras riquezas no interior das imagens ocas de santos, feitas de madeira.
– Pulo do Gato:- é uma expressão mineira sobre o segredo profissional. Nem sempre o chefe ensina tudo ao aprendiz. Faz alusão ao gato e à onça. O felino ensina o bichano a caçar, mas não passa todos os truques com medo
– Cor de burro quando foge:- é intrigante imaginar a cor de um animal e principalmente a de um burro. Quando o animal desembesta, ele fica feroz. A expressão correta é “corra de burro quando ele foge”, conforme cita o escritor Márcio Cotrim.
– Cuspido e escarrado:- usado quando uma pessoa é muito parecida com outra. A frase original, no entanto, é “esculpido em carrara”, uma alusão à perfeição das esculturas de Michelangelo, pois carrara, mármore italiano, era um dos seus materiais prediletos.
– Conto do Vigário:- o Vigário, que em troca de dinheiro para despesas urgentes, teria confiado a um cidadão honesto, em troca de uma quantia, um embrulho, que segundo ele, continha muito di-nheiro. Na verdade, tratava-se de papel sem valor.
– Quem não tem cão caça com gato:- no original, dizia-se “quem não tem cão caça como gato”, indicando a condição de alguém que deveria fazer a caça sozinho.
– Chove Canivete:- na Inglaterra, segundo ditado, “cai do céu cães e gatos”. A frase usada por nós, foi adaptada do ditado inglês, mas o significado é o mesmo :- tremenda tempestade.
– Arranca-rabo:- cortar, arrancar, decepar a cauda dos animais, preferencialmente equinos, era troféu guerreiro de valia inestimável. Arrancar o rabo do cavalo de sela do chefe adversário, era alta proeza. Segundo Câmara Cascudo, essa palavra composta tem origem portuguesa.
– Bode Expiatório:- a expressão é empregada para designar aquele que paga pelos pecados do outro, ou seja, expia-se. Tem origem bíblica no Antigo Testamento.
 – Cheio de Nove Horas:- cheio de frescura, de manias. Mas por que nove horas ? O limite das nove horas da noite era a hora clássica no século XIX, regulando o final das visitas, ditando o momento das despedidas. Criou-se também outros adjetivos à essa hora:- limites às alegrias dos outros, restrições, complicando as coisas simples.
– Outros verbetes, frases feitas, expressões populares, que fazem parte do nosso dia-a-dia :- da água para o vinho, dar trela, fechar-se em copas, fim da picada, gatos pingados, lavagem de dinheiro, mico, outros quinhentos, pra inglês ver, pé na jaca, por um triz, por a mão no fogo, sair à francesa, sete chaves, para cachorro ( pra burro ), e outras tantas mais que falaremos em próximo artigo.