Expressões populares do Brasil
Opiniao

Expressões populares do Brasil

Ditados populares, adágios, provérbios, enriquecem nossas interações sociais. Luiz da Câmara Cascudo, folclorista, historiador, nos remete à origem de algumas frases, que costumeiramente as empregamos no nosso dia-a-dia:
– Comer com os olhos:-  apreciar de longe, sem tocar. Na Roma antiga, uma cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete oferecido aos deuses em que ninguém tocava na comida.
– Bicho-de-sete-cabeças: – atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa.
– Com o rei na barriga: – a expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do soberano, passavam a ser tratadas com deferência especial.
– Com a corda toda: – antigamente, os brinquedos que possuíam movimento, eram acionados torcendo um mecanismo em forma de mola ou um elástico, e quando se dava “corda”, ele movia-se de forma mais agitada e frenética.
– Tapar o sol com a peneira: – esforço mal sucedido para ocultar uma asneira. Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é inglória, uma vez que o objeto é permeável à luz.
– Mais vale um pássaro na mão do que dois voando: – significa que é melhor ter pouco, do que ambicionarmos muito e perder tudo. É tradição de antigos caçadores.
– Farinha do mesmo saco: – origem latina. Utiliza-se essa expressão para designar um comportamento reprovável. A farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim. Assim, insinua-se que os bons andam com os bons, e os maus, preferem os não bem-vindos.
– Aquela que matou o guarda: – tratava-se de uma mulher que servia a D. João VI, e se chamava Cangebrina e que no nosso popular dizer, tem o significado de pinga, cachaça. Ela teria matado o guarda da corte do Rei.
– Pagar o pato: – jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste, e o jogador (montado a cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era quem pagava pela ave sacrificada sem ter qualquer benefício em troca.
– Fazer vaquinha: – expressão criada pela torcida do Vasco na década de 20. A vaca era o número 25 no jogo do bicho e representava 25 mil réis, o prêmio mais cobiçado pelos jogadores.
 – Arroz de festa: – a expressão se refere ao “arroz doce”, que no passado era uma sobremesa tradicional nas festas. A expressão passou a ser usada por se referir àquelas pessoas que não perdem uma só “boca livre”.
– Acabar em pizza: – emblema brasileiro da impunidade. Há também o motivo da celebração, desfechos festivos, o poder da amizade, busca da conciliação, do companheirismo.
– Arranca-rabo: – briga, conflito. De proveniência portuguesa significa cortar, decepar a cauda dos animais (era troféu guerreiro de grande valia Antes de Cristo).
-Cheio de nove horas: – cheio de frescura, de manias. Conta-se que nove horas da noite era a hora clássica do século XIX, regulando o final das visitas, o momento das despedidas. Significa também, criatura infalível em citar regras, restrições, limites às alegrias dos outros.
Outras Expressões Populares: – amigo da onça, paredes tem ouvidos, salvo pelo gongo, por a mão no fogo, rodar a baiana, a cobra vai fumar, santo do pau oco, puxa-saco, marcar touca, na ponta da língua, quem não tem cão caça com gato (inicialmente dizia-se “ quem não tem cão caça como gato”), apressado come cru, pensando na morte do bezerro, testa de ferro, onde Judas perdeu as botas, estar com a corda no pescoço, como sardinha em lata, afogar o ganso, maria vai com as outras, ver o passarinho verde, andar à toa, lágrimas de crocodilo, tem boi na linha, cor de burro quando foge, e tantas outras expressões etimológicas e populares da nossa rica Língua Luso-Brasileira.