Frank Sinatra o cantor do século XX (IV)
Quinta Avenida

Frank Sinatra o cantor do século XX (IV)

No dia 30 de dezembro de 1942, Frank Sinatra iniciou na carreira solo, apresentando-se como “atração extra” no show de ano novo da big band do clarinetista e “rei do swing” Benny Goodman, no Paramount Theater em New York City. Na época, a “Mecca” do entretenimento na América do Norte. Ao pisar o palco, a plateia o recebeu com entusiásticos aplausos. Uma consagração fora do comum, com as “bobby-soxers”, admiradoras, assim chamadas por usarem “meias-soquete” entrando em verdadeiro delírio. Esse primeiro compromisso após deixar Tommy Dorsey, serviu como divisor de águas entre a era das big bands e a dos cantores.

Nas mais representativas orquestras de dança, havia excelentes intérpretes, Bob Eberly com Jimmy Dorsey, uma voz privilegiada, Perry Como, “crooner” da orquestra de Ted Weems, era esplêndido e Dick Haymes estava em grande evidência com Tommy Dorsey. Quebrando o esquema vigente, Frank Sinatra lançou-se como cantor desvinculado das big bands, demonstrando coragem e confiança.

O que se seguiu, foi uma verdadeira loucura. No final de janeiro de 1943, é contratado por oito semanas para atuações no Paramount Theater, recebendo US$ 1.000 semanais. Filas intermináveis se formavam, dando voltas nos quarteirões para aquisição de ingressos. Dentro do teatro, 3.500 ensandecidos espectadores berravam histericamente quando Sinatra aparecia no palco. Desmaios e demonstrações de idolatria repetiam-se diariamente nas diversas sessões. Para entrar e sair do teatro e andar nas ruas, necessitava da proteção da polícia, tamanho o assédio. Os fãs queriam um autógrafo, conversar com ele e até arrancar pedaços de suas roupas como lembrança. Fenômeno de popularidade, somente comparado ao famoso ator de cinema Rodolfo Valentino nos anos 1930.

Com tamanho sucesso, o salário explodiu, de US$1.000 para US$29.000 semanais, incluindo aí participação em programas de rádio e presença, a partir de março de 1943, no Riobamba Nightclub em Manhattan. Mas, o que causava tamanho fascínio em suas admiradoras? Ao nascer, Sinatra teve o tímpano esquerdo perfurado. Por esse motivo, foi considerado inapto para o serviço militar, não sendo convocado para a segunda guerra mundial (1939-1945). Aquele rapaz franzino de voz aveludada representava para cada fã, o namorado ou marido que havia partido para a guerra. Essa é a explicação para tanta histeria.

Nos anos 1940, o grande veículo de comunicação era o rádio. Nas noites de sábado o cantor apresentava-se no programa ”Your Hit Parade”, interpretando seus maiores sucessos pela rede CBS (Columbia Broadcasting System), transmitido, de costa-a costa do país, Canadá e, em ondas curtas, para todo mundo.

Em meados de maio de 1943, com quinze minutos diários, apresenta o “Songs By Sinatra”, também pela rede CBS. O “Frank Sinatra Show”, ficou no ar de agosto a dezembro de 1944. Em janeiro de 1945, voltou, permanecendo no ar até o mês de maio.  O “Light Up Time”, teve grande audiência entre 1949 e 1950, sempre na rede CBS. Sinatra permaneceu no rádio até o ano de 1955. Com o advento da televisão, passou a ser a atração principal do “Bob Hope Show”, onde fazia aparições periódicas ao lado do famoso e simpático comediante, a partir de setembro de 1950.

No auge do sucesso, Hollywood o contrata para duas películas produzidas pelos estúdios da RKO-Radio Pictures, entre 1943 e 1944. Nessa altura dos acontecimentos, passou a ser chamado de “The Voice” (A Voz), após reportagem na influente revista “Newsweek”. Era o reconhecimento popular que o cantor sempre perseguiu, desde a incipiente atuação no conjunto vocal The Hoboken Four. O cantor Bing Crosby, ídolo de Sinatra desde a adolescência e, posteriormente, seu grande amigo, certa ocasião declarou: “Frank Sinatra é um cantor que aparece uma vez na vida mas, por que tinha de aparecer durante e minha vida?”, desabafou em tom de pilhéria. Outra etapa que Sinatra iria enfrentar e vencer, seria a trajetória no disco.

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