Governo investe R$ 60 bilhões em programa de inovação
Política

Governo investe R$ 60 bilhões em programa de inovação

Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o governo federal vai mobilizar R$ 60 bilhões até 2026 no maior programa de apoio à inovação do país.

A ação conjunta está em linha com a Nova Política Industrial brasileira, aprovada em julho pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). A iniciativa prevê o apoio a empresas de todos os portes e institutos de ciência e tecnologia (ICTs), por meio de crédito com taxas de juros a partir de Taxa Referencial (TR) + 2% e recursos não reembolsáveis.

O anúncio ocorreu na quinta (31) de agosto, durante o Seminário de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista. Participaram o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, além dos diretores do BNDES Nelson Barbosa (Planejamento e Estruturação de Projetos) e José Luis Gordon (Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior) e os presidentes da Finep, Celso Pansera, e da Fiesp, Josué Gomes da Silva.

Dos recursos mobilizados anualmente, R$ 5 bilhões serão operacionalizados pelo BNDES e R$ 5 bilhões estarão a cargo do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), da Finep, resultando no total de R$ 40 bilhões em crédito ao longo dos quatro anos do programa. Outros R$ 20 bilhões estarão destinados para uso não reembolsável pela Finep.

“Este é o maior programa da história do Brasil. O governo está trabalhando nas missões elaboradas pelo CNDI com foco em inovação. O crédito direto já pode ser solicitado ao BNDES e o indireto deve estar disponível a partir do fim de setembro por meio das instituições credenciadas”, ressaltou Gordon, e explicou que as empresas já podem começar a etapa de habilitação junto ao banco para as operações diretas.

O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, elogiou a iniciativa de fortalecer e modernizar o parque industrial brasileiro e disse que a indústria será a locomotiva que puxará o crescimento nacional, com equidade e justiça social.  Para Josué, o Brasil tem condições de voltar a figurar entre as primeiras oito economias do mundo.

“A indústria de transformação tem um papel relevantíssimo para isso. E a combinação da Reforma Tributária com a depreciação imediata, do Plano Produção (o equivalente ao Plano Safra para a indústria) e este plano de financiamento para a inovação, em condições e prazos adequados, serão os pilares sobre os quais reconstruiremos a indústria no Brasil e poderemos ter desenvolvimento muito acelerado”, pontuou Josué na abertura do evento.

Ele lembrou que sem instrumentos adequados de financiamento à inovação, a indústria de transformação perde muito. “Ela [a indústria] é responsável por dois terços do total de investimento em pesquisa e desenvolvimento feitos no Brasil. Portanto, é natural que a indústria de transformação seja a maior tomadora desses recursos, que estarão disponíveis em prazos e condições adequadas para um processo de inovação”, afirmou Josué.

INVESTIMENTOS — O programa vai apoiar principalmente investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I); plantas industriais pioneiras, para promover a expansão da fronteira tecnológica brasileira; difusão de tecnologia; transformação digital; e parques tecnológicos, incubadoras e aceleradoras.

O crédito voltado à micro, pequenas, médias e grandes empresas terá como objetivo impulsionar os investimentos privados em inovação, acelerando a trajetória de digitalização da indústria. Com recursos destinados também a institutos de ciência e tecnologia (ICTs), a expectativa é de que novas e antigas demandas sociais, ambientais e climáticas do país possam ser atendidas a partir de uma ampla e diversa agenda de iniciativas inovadoras.

Barbosa apontou a importância do programa: “Industrialização e inovação andam juntas. A indústria para ser sustentável tem que se renovar o tempo todo e é necessário ter uma política de inovação”. O diretor reforçou a retomada do papel do Banco na inovação: “O BNDES voltou a apoiar a inovação em parceria com a Finep, para que as linhas possam ser melhor utilizadas, não haja competição de recursos, e as ações sejam coordenadas com as políticas do MCTI”.

PRONTOS — Barbosa explicou ainda que o banco fará a maior parte das operações de forma direta, com foco em projetos inovadores e plantas pioneiras. Na atuação indireta, por meio de agentes financeiros credenciados, será priorizado o processo de difusão tecnológica e digitalização de micro, pequenas e médias empresas. Dirigindo-se aos empresários, o diretor declarou que o BNDES está aberto à inovação: “Habilitem-se e apresentem propostas. Estamos prontos para receber os projetos”.

As condições de crédito diferenciadas a serem oferecidas pelo BNDES para o programa são taxas de juros a partir de TR (cerca de 2%) + 2% (spread), prazo de pagamento de até 16 anos, com até 4 anos de carência e apoio de até 100% dos itens financiáveis.

Alckmin destacou o ineditismo da taxa e ressaltou sua importância para a indústria: “O juro será nominal em 4%, o menor da história para a inovação. Isso permitirá que a indústria dê um grande salto de desenvolvimento”.

Após anunciar a liberação de recursos para diversos projetos que se encontravam parados na Finep, Pansera informou que o órgão também está preparado com recursos humanos e materiais, tecnologia e experiência para vencer o desafio da transformação industrial junto com o BNDES: “Com certeza ajudaremos muito neste novo momento da neoindustrialização brasileira”.

Da parte no MCTI, Luciana Santos também destacou o potencial da parceria entre BNDES e Finep: “Esta é uma oportunidade histórica de apoio à ciência e tecnologia para transformação social através de uma economia mais inovadora. Com esta ação conjunta, será possível contar com uma indústria pujante, intensiva em tecnologia e inovação, o que gera demanda por qualificação para os trabalhadores e melhores oportunidades de emprego”.

(Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)