Grupo de teatro Regina Pacis, de São Bernardo, completa 61 anos
Cultura & Lazer

Grupo de teatro Regina Pacis, de São Bernardo, completa 61 anos

Em 21 de abril de 1962 em São Bernardo, num piquenique de jovens paroquianos da Basílica Nossa Senhora da Boa Viagem, Antonino Assumpção, nascia o Regina Paccis”, que, traduzindo do latim, quer dizer: “Rainha da Paz”.

No início, produziram pequenos esquetes. Passado o primeiro ano, logo houve um consenso naquela turma, formada por pessoas das mais diferentes profissões e origens, de que o caminho seria ousar um pouco mais e resolveram levar ao palco textos de autores consagrados. Os cenários, os figurinos e, principalmente, as interpretações foram mais bem cuidados. Isso garantiu muitos prêmios em festivais de teatro, comuns na época, em todas as cidades, o que estimulou, ainda mais, os integrantes do grupo.

A excelência, a dedicação e a seriedade no trabalho passaram a ser a mola propulsora da trupe e estiveram presentes nas produções dos anos seguintes, numa sequência ininterrupta de atividades teatrais.

A trajetória do Regina Pacis permeia muitos momentos da história social, cultural e política do país, passando por períodos atribulados como o da vigência da censura federal, no qual textos e montagens foram proibidos de ser encenados. Mas, isso não esmoreceu, pelo contrário: foi um desafio para continuar produzindo. Assim, em seis décadas nunca interrompeu suas atividades (mesmo durante a pandemia), chegando a cerca de quase duzentas montagens, para os mais diferentes públicos e faixas etárias, mostrados nos mais diferentes espaços.

Também encarou dramas fora do palco com o falecimento de muitos de seus integrantes que eram, acima de tudo, amigos. Espelhados neles, os reginapacenses superaram as perdas continuando a desenvolver seus trabalhos como um tributo a todos aqueles que plantaram a semente dessa história teatral de seis décadas.

A história do Regina Pacis é única porque nenhum grupo de teatro no Brasil possui essa longevidade. É uma companhia teatral sobrevivente que tem características próprias: seus integrantes não são remunerados, os parcos e esporádicos valores de bilheterias ou cachês são gastos nas produções, a maioria de suas apresentações é gratuita e realizada pelo prazer em oferecer bons espetáculos. Todos os elementos cênicos utilizados em suas montagens vão sendo armazenados e compondo seu vasto acervo de cenários, figurinos e diversos outros acessórios.

Sem contar a rica documentação (fotos, jornais, revistas, cartazes, entre outros) e uma extensa galeria de troféus. Tudo isso reunido registra muito da memória teatral, cultural e social do Regina Pacis. Por sua carreira tão significativa, figurou em diversas publicações, foi tese de mestrado e há um mês foi aprovado um trabalho de pós-doutorado, já cotado para se transformar em livro.

 No ano passado, em comemoração aos seus 60 anos, recebeu a mais importante honraria da cidade – a Medalha João Ramalho.