Luz contra a treva
Social (Gente & Fatos)

Luz contra a treva

Há no ar um rastro de luz contra a treva.  A luz é a democracia que paira sobre o Brasil; a treva é o esforço de uns poucos (o presidente da república à frente) na busca de condições de transformação para chegar-se ao progresso (sem democracia, claro). Nesse sentido, a lamentação  de Carlos Bolsonaro, filho do presidente num tuíte, lamentando a demora no avanço do país por vias democráticas, como asseverou seu pai presidente pois, dizem eles, que a vontade  do povo somente será cumprida se os lideres puderem revolver todos os obstáculos. Que obstáculos são esses senão as peias impostas pelo regime democrático, tais como imprensa livre, diversidade de opiniões sujeitas ao debate pelas  discussões de diversidade de pensamentos.  Está claro que Hitler e Mussolini, no comando de seus ilimitados poderes não pensavam assim. Mas o mundo ficou sabendo como nazismo e facismo tiveram o trágico fim por eles construído.
Em nosso caso, jogar a culpa nos obstáculos  que a democracia impõe ás liberdades sem freios foi significativa a opinião de um dos filhos de Bolsonaro para quem é necessário remover os entraves que só a democracia lhes impõe.
Muito  oportuna e corajosa foi a manifestação do Ministro Celso  de Mello, o decano do Supremo  Tribunal Federal  que  em mensagem dirigida à conhecida jornalista de São Paulo, Mônica Bérgamo, manifestou seu desconforto quando  o presidente Jair Bolsonaro republicou uma Medida Provisória que havia sido rejeitada pelo Congresso, ao dizer que “Ninguém absolutamente ninguém, está acima da autoridade suprema da Constituição da República”.  Enquanto não se aposente  Celso de Mello reafirmou à jornalista que o entrevistara que as vias democráticas “são  o caminho na luta da luz contra as trevas que dominam o poder do Estado, a saber a intolerância, a repressão ao pensamento e a interdição ostensiva ao pluralismo de ideias” (cf. Folha de S. Paulo, 10/09/19).