Maestro Thierry Fischer e solista convidada abrem temporada da Osesp
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Maestro Thierry Fischer e solista convidada abrem temporada da Osesp

E chega o início de mais uma Temporada da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, na Sala São Paulo, entre os dias 2 e 4 de março, a abertura da Temporada 2023 – Sem Fronteiras, um nome que reafirma a ideia de que a música, como poucas outras formas de expressão, tem força para romper fronteiras e barreiras.

Sob a regência de seu Diretor Musical e Regente Titular, Thierry Fischer, e acompanhada do Coro da Osesp, do Coro Acadêmico da Osesp, do Coro Infantil da Osesp, do Coral Paulistano e da contralto sueca Anna Larsson (foto), nossa Orquestra interpretará nessas três datas a majestosa Sinfonia nº 3 do compositor austríaco Gustav Mahler. Retomando também os adorados Concertos Digitais neste ano, a performance, de sexta (3) de março, às 20h30, contará com transmissão ao vivo no canal oficial da Osesp no YouTube.

Composta nos verões de 1895 e 1896, durante as férias que garantiam ao atarefado regente Gustav Mahler (1860-1911) o tempo necessário para a criação, a Sinfonia nº 3 só estreou em 1902, com a rejeição habitual do público e da crítica. Foi nesse período que Mahler, irritado com a leitura demasiado literal das ideias que serviam de inspiração para suas sinfonias, resolveu não divulgar o teor de seus programas.

Repleta de citações e intenções musicais, literárias e filosóficas, a Sinfonia nº 3 trazia no manuscrito o título A Gaia Ciência, uma referência ao controverso livro de Friedrich Nietzsche, filósofo que Mahler sempre admirou. O paródico subtítulo, Sonho de um Dia de Verão (em vez da “noite” shakespeariana), explicava o tom bucólico e panteísta da obra, que incluía os seguintes movimentos: O Despertar de Pã e a Chegada do Verão: Uma Parada Dionisíaca; O que Me Dizem as Flores do Prado; O que Me Dizem os Animais da Floresta; O que Me Diz a Humanidade; O que Me Dizem os Anjos; e, finalmente, O que Me Diz o Amor. A progressão das imagens, do mito dionisíaco ao amor universal, segue uma cosmologia inspirada no poema Gênesis, de Siegfried Lipiner, e ilustra bem o propósito de recriar sinfonicamente não apenas um mundo, mas todo um universo.

“Chamar a Terceira de ‘sinfonia’ é, na verdade, incorreto, pois ela não segue a forma sinfônica usual. Em minha opinião, criar uma sinfonia significa construir um mundo com todos os meios disponíveis. O conteúdo constantemente novo e dinâmico determina sua própria forma” – teria dito o compositor à violista Natalie Bauer-Lechner, em conversa citada por Constantin Floros no livro Gustav Mahler: The Symphonies. “Minha sinfonia será diferente de tudo o que o mundo já ouviu! Toda a natureza fala nela, contando segredos profundos que só podemos intuir em sonhos!”, afirmava Mahler sobre a sinfonia que, hoje, é considerada uma de suas obras-primas.