Marcelo Oliveira: “Mauá virou um canteiro de obras”
Política

Marcelo Oliveira: “Mauá virou um canteiro de obras”

O prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), está no primeiro mandato no comando da Prefeitura, mas está transformando a cidade em um verdadeiro canteiro de obras. Em entrevista exclusiva à Folha, revelou que apesar das dificuldades do início de governo, com mais de R$ 100 milhões de restos a pagar da gestão anterior, a pandemia de Covid-19, o prefeito conseguiu colocar a casa em ordem, equilibrando as finanças. Assim, iniciou, em 2022, uma modernização na prestação dos serviços, reforma de unidades educacionais, de saúde e na construção de novas obras.

Os novos investimentos, que ultrapassam os R$ 200 milhões de verbas do governo federal, mas também contam com recursos do Governo do Estado. O prefeito disputará a reeleição, mas diz que não pensa só no mandato. “Não fico só pensando no mandato, porque ele acaba, mas a cidade continua”, disse. Na avaliação de Marcelo é preciso que as políticas públicas sejam políticas de governo e não de mandato. Confira.

 

Folha do ABC- Nestes quase três anos de governo, como Mauá avançou?

Marcelo Oliveira- Quando assumimos, a primeira coisa que fizemos foi um decreto para podermos negociar os restos a pagar e outro para cortar a maioria dos contratos em 30% para que pudéssemos ajustar as contas de dívidas de curto prazo na média de R$ 165 milhões e mais de R$ 100 milhões que ficou de precatório, de negociação com a Fundação do ABC, só com a Fundação foram R$ 72 milhões.

Então, foi muito difícil essa questão de organizar a questão financeira da cidade juntamente com a pandemia que em 2021, quando tivemos o ápice da pandemia. Todas as UPAs, os hospitais lotados, ampliamos em 253% os leitos, foram leitos no hospital Nardini, leitos nas UPAs e alugamos 20 leitos no hospital Sagrada Família, que antigamente era o antigo hospital Vital. Quando as vacinas começaram a chegar, fizemos o ‘Arraiá da Vacinação’, foram mais de 10 mil pessoas vacinadas aqui, acredito que é o único lugar no Brasil que vacinou 10 mil pessoas de uma vez só, no mesmo local. Fizemos no mesmo espaço onde a gente tem a tradição de festa junina, até pra poder mexer com a autoestima da nossa população.

E começamos a organizar, também, a questão administrativa, contratação através de concursos na nossa cidade e a reconstruir as escolas com a reforma de 38 para 44, os postos de saúde, nosso ginásio de Esporte e criamos alguns programas, um programa chamado Asfalto Novo. Já fizemos 50 km de asfalto e devemos chegar aos 100 km de asfalto, nas principais ruas e avenidas, também nos bairros.

Temos um programa chamado ‘Mãe Mauaense’, para que possamos cuidar bem da mãe e da criança que tá pra vir, é um kit de enxoval, mas a mãe tem que ir no mínimo 6 vezes na consulta de pré-natal. Temos, também, o programa chamado ‘Mauá na Luta Contra a Fome’, temos o ‘Meu Bairro Limpo’, que é a zeladoria da cidade, temos também a questão do restaurante popular que era R$ 2 a refeição, baixamos para R$ 1.

Então, foi um momento difícil, mas conseguimos fechar o 2021 e o 2022 no azul. Fazia muito tempo que não acontecia isso. Há mais de uma década que a Mauá não conseguia ter investimento com nenhuma instituição financeira e já conseguimos com o Desenvolve de São Paulo, conseguimos com o Finisa, onde estamos fazendo algumas obras, em especial o Ginásio de Esportes do Zaíra, que abrimos a licitação dia 25 de outubro, o ginásio tem capacidade para 1.400 pessoas.

Passando esse período dos dois anos, entramos no terceiro ano com as contas todas ajustadas, mas esse ano é um desafio grande também, porque com a desoneração da gasolina e também da energia feita pelo ex-presidente Bolsonaro, no período eleitoral, a nossa cidade deve ter uma perda de quase R$ 100 milhões de ICMS e isso tem aí nos dado um grande desafio para fechar as contas. Tenho ido à Brasília várias vezes e acho que, nos próximos dias, teremos alguma novidade na nossa conta. Então, esse é o maior desafio de 2023, são muitas obras para entregar, desde posto de saúde, escola, campo de futebol sintético, muro de contenção, tem várias coisas acontecendo na cidade, mas o desafio maior, nesses dois meses que faltam para fechar o ano em dezembro é o recurso para que possamos estar no terceiro ano consecutivo fechando no azul.

 

Folha- Quais os principais destaques das áreas mais sensíveis à população, como Saúde, Educação e Desenvolvimento Econômico?

Marcelo- Na Saúde, vamos começar pela construção da UPA, que nós conseguimos recurso do governo federal e também recurso para a reforma das quatro que nós temos. Provavelmente, nos próximos dias deve entrar nas contas da Prefeitura R$ 42 milhões para custeio, foi o que disse nas reuniões que realizamos em Brasília, para ajudar nessa perda do ICMS, chegando já quase a metade, e vou ir novamente para discutir com o ministro da Educação, Camilo Santana. Então, temos a questão da UPA, a reforma, a construção do novo posto do São João, a reforma e ampliação do posto Santista e a reforma e ampliação do posto do Parque São Vicente.

Estamos informatizando a saúde. Esperamos que, até o primeiro semestre do ano que vem, tenhamos em todas as unidades de saúde, nas 23 UBSs, nas 4 UPAs e também no Nardini. Com isso, todo o prontuário do cidadão está interligado em todas as UBSs, então vai agilizar o atendimento. Outra coisa importante também foi o Banco de Sangue, que Mauá não tinha, fizemos uma parceria junto com a Colsan.

Dia 21 e 22, estarei em Brasília, agora de novembro, para podermos ajustar a questão da hemodiálise e voltar a ter em Mauá. Entre Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, passam de 200 pessoas que levamos para fazer em outra cidade. Isso vai ajudar bastante as pessoas que fazem, porque ficar o dia inteiro numa van para levar em outra cidade para fazer e às vezes terminar mais cedo, mas tem que esperar todo mundo.

Na Educação, fizemos a entrega do uniforme e também do material escolar em fevereiro, fizemos a reforma das 38 escolas. Estamos construindo uma escola em Nova Mauá para 350 alunos e outra para 500, 550 alunos. Estamos com um projeto, que também vou estar em Brasília, agora, para dialogar com a Educação e já fiz outras reuniões para a escola Jonathan Pitondo, no Bandeirantes, pedido de mais uma escola lá no Jardim Oratório e outra no Primavera, também a ampliação de uma escola no Oratório e outra no Jardim Zaíra, além de equipamentos imobiliários. É uma média de R$ 40 milhões. Estamos pedindo para o governo federal e temos a expectativa de que essa liberação possa ser feita já esse ano, até dezembro.

Criamos o Escola Aberta, que a gente retomou, retomamos o EJA (Escola de Jovens e Adultos). Então, hoje, temos 14 pontos e um deles é o Centro Pop, onde a gente atende a pessoa em situação de rua, além de dar a comida, local para dormir. Também estamos trabalhando para que ele volte a estudar, que tenha curso profissionalizante e que volte a ser inserido na sociedade, no mercado de trabalho.

E no Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, fizemos alguns feirões, com mais de 5 mil vagas. Bastante pessoas foram contratadas, ampliamos a questão da qualificação profissional, temos cursos em parceria com o Sebrae, com o Senac, com o Senai e também com as empresas privadas, em especial a Braskem.

Trouxemos o posto do Sebrae, que Mauá não tinha. E em especial temos o nosso Fórum 2023-2033, pensando no futuro da cidade, ultrapassam os mandatos, mesmo a gente sendo reeleito, ainda vai ultrapassar, porque daqui há 10 anos, o que pensamos para Saúde, para Educação, para Indústria, para várias áreas, e não ficar só pensando no mandato, porque a cidade continua, o nosso mandato acaba, mas a cidade continua.

Penso muito nisso, que as políticas públicas, ao invés de serem políticas de mandato, serem políticas de governo, porque quando acaba o mandato, elas acabam também. Estamos trabalhando bastante para implementar políticas de governo, que elas possam continuar sendo realizadas, independente de quem está governando.

 

Folha- Quais as prioridades até o final do ano, o que ainda vai ser entregue?

Marcelo- Estamos preparando para entregar no final do ano, o campo de futebol sintético do Vila Assis, o posto de saúde do Santista, o posto de saúde do Parque São Vicente, a revitalização do Parque da Juventude, com vários brinquedos e academia ao ar livre. Já fizemos uma parte, a gente deve terminar essa outra.

Estamos preparando uma corrida igual fizemos no ano passado, algumas ruas principais que vamos entrar com asfalto agora e devemos terminar até o 8 de dezembro. Tínhamos a previsão de entregar o terminal de ônibus Itapeva, por causa da chuva, atrasou um pouco, as duas escolas também, uma delas era para entregar em dezembro também. O posto do São João também tínhamos a possibilidade de entregar em dezembro, mas como teve bastante chuva nesse período, provavelmente não fique pronto até dezembro, vai tudo no começo de 2024 essas obras.

Estou indo atrair recursos para fazer uma UBS para o lado do Lusitano. Na educação, a escola Nova Mauá, a escola da Vila Assis, começar a do Maringá, e aí, dependendo da reunião no dia 21, começa, no ano que vem, a da Primavera, do Oratório a reforma de mais duas. Também há o campo de futebol sintético do Vila Assis, e a gente tem a previsão de começar mais um campo sintético, quadra esportiva. Devemos fazer umas cinco quadras esportivas. Teremos a Praça da Cidadania, parceria com o governo do Estado. Há o muro de contenção e a rua que vai abrir a segunda parte do complexo Zaíra, Santa Cecília, que passa por dentro da estação. O muro de arrimo e o asfalto da rua da Vicente Ferreira, no Jardim Mauá. Colocação dos bloquetes da Estrada do Carneiro e da Estrada do Pilar.

Aí tem o asfalto, mais de 50 km de asfalto. Estamos em reunião com o Governo do Estado, sobre as áreas que foram atingidas com a chuva. São R$ 22 milhões de recursos que podem ser que cheguem em Mauá, entre os dias 22 e 26 de novembro. Fizemos alguns muros de contenções. Além do terminal central, o terminal de ônibus Itapeva. E já vamos abrir a licitação do terminal de ônibus do Itapark.

 

Folha- O próximo ano, 2024, também é ano eleitoral. Como o sr. tem se preparado para a disputa? Como avalia o cenário em relação aos adversários?

Marcelo- Olha, 2024 é um ano eleitoral, mas estamos focados no governo. Temos que entregar para a nossa população aquilo que nos comprometemos com o nosso programa de governo. E tem acontecido isso. Colocar a casa em ordem na questão financeira, administrativa. E Mauá virou um canteiro de obras, em qualquer lugar que as pessoas possam andar na cidade. Estamos asfaltando ruas. Estamos construindo um posto de saúde. Estamos construindo uma área de lazer, um campo de futebol sintético. É uma escola. Então, assim, em 2024 a gente começa a pensar, a trabalhar a questão da eleição. Porque vamos ter nas nossas convenções, das escolhas das nossas chapas, dos partidos que estarão alinhados conosco.

Então, é o momento de a gente poder fazer esse diálogo. Neste período, estamos focados em entregar as obras que vão ajudar muito a nossa população. Além de também o trabalho social. Digo que é importantíssimo reestruturar a cidade. Mas, mais importante do que isso é cuidar das pessoas com os programas que temos.

 

Folha- Como está se estruturando o leque de apoiadores? PT, PSB?

Marcelo- Temos a nossa federação que é PT, PC do B, PV. O PSB tem andado conosco. Temos conversado com mais um grupo de partidos. Acredito que até final de novembro a gente deve ter um arco de aliança muito importante. Devemos chegar, acredito, em uns 8, 10 partidos junto conosco. E dos vereadores tem uma expectativa de quantos poderão ser? Nós temos uma base aliada que tem aprovado os projetos importantes da cidade. Já faz um tempo que está acontecendo isso.

Folha- Em relação aos vereadores? Qual a expectativa?

Marcelo- Respeito a independência dos poderes. Hoje, estou no Executivo, mas já estive no Legislativo. Não ia ser diferente chegando aqui e dialogando com a Câmara. A Câmara é fundamental para aprovar os projetos de reconstrução. Mas, teremos um bom número de vereadores que irão para a reeleição junto conosco nessa caminhada. É uma caminhada que nós começamos chamando de caminhada da esperança. E ela continua, juntamente com mais atores nessa reconstrução da cidade.