Marte já foi um belo planeta. Por que hoje é esse deserto?
Opiniao

Marte já foi um belo planeta. Por que hoje é esse deserto?

Não tenho vontade de ir a Marte – que hoje é esse planeta frio e inóspito como um deserto, embora ainda ostente as marcas e características de leitos de antigos rios secos e minerais, que foram moldados com água líquida que lá existia há muito tempo.
Tudo indica que há bilhões de anos Marte tinha uma atmosfera espessa capaz de manter calor suficiente para tornar líquida a água – substância essencial para a vida – e para que ela pudesse fluir e deslizar sobre sua superfície.
Os cientistas acreditam que Marte tenha perdido grande parte de sua atmosfera ao longo de pelo menos dois bilhões de anos, o que transformou radicalmente seu clima a partir de uma época em havia condições para que o planeta pudesse ter sustentado a vida no ambiente que hoje se apresenta assim tão seco e congelado, como provam os resultados das missões da NASA, como o MAVEN e Curiosity e de outras mais antigas, como as missões Viking de 1976.
No entanto, muitos mistérios sobre a atmosfera antiga do planeta vermelho permanecem. “Sabemos que Marte tinha mais atmosfera. Sabemos que tinha água corrente. Não temos certeza como as condições de Marte mudaram tanto – nem o que realmente aconteceu com um ambiente tão parecido com o da Terra? Ou por quanto tempo?” – pergunta o professor Timothy Livengood, da Universidade de Maryland, College Park e Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland. Livengood é autor principal de um artigo sobre esta pesquisa publicada on-line em Icarus 1 de agosto.
Uma maneira de estimar a espessura da atmosfera original de Marte é olhar para isótopos de oxigênio.
Como você sabe, isótopos são versões de um elemento com massa diferente devido ao número de nêutrons no núcleo atômico. Isótopos mais leves escapam para o espaço mais rápido do que isótopos mais pesados, de modo que a atmosfera que permanece no planeta se enriquece gradualmente no isótopo mais pesado. Neste caso, Marte é enriquecido em comparação com a Terra no isótopo mais pesado de oxigênio-18, versus o mais leve e muito mais comum-16.