Pertencemos a um país onde, infelizmente, a desonestidade é uma moeda valorizada. O que faz do Brasil um país ruim de viver é justamente o ‘jeitinho brasileiro’, de modo que a corrupção é o substantivo que aproxima os políticos da massa: Corre no DNA da maioria de quem nasceu no Brasil. Quem vocês conhecem que diria que adoraria nascer neste país, caso pudessem escolher? Poucos!
Nunca houve tanta solicitação de cidadania italiana. A imigração australiana nunca aprovou tantos vistos brasileiros como tem ocorrido. Canadá nunca antes recebeu tantos imigrantes tupiniquins. A maior concentração de estrangeiros na Irlanda é brasileira. A terceira maior população de imigrantes nos EUA é brasileira (atrás de China e México). Portugal só tem brasileiro. Enfim, nunca antes na história deste país tantos brasileiros desejaram sair daqui: Se o país (ou o povo) fosse bom, ninguém sairia.
Se você se sente o máximo porque consegue fazer uso do sinal aberto do wifi do vizinho, bem-vindo ao Brasil. O contribuinte frauda declaração para pagar menos imposto. O morador joga lixo na rua e depois reclama que o bueiro entupiu. O motorista bebe, depois vai dirigir. O aluno desrespeita o professor, depois reclama da educação. O funcionário arruma atestado médico para faltar ao trabalho. A pessoa estaciona na vaga do deficiente só para ficar próximo do portão de entrada do mercado. O colaborador viaja a serviço da empresa, almoça por 50 reais e exige nota fiscal de 100. O usuário senta no banco do idoso e finge que está dormindo – e quer que o político seja honesto? Ok, é fato que problemas na saúde, segurança e educação são onipresentes em nosso falho sistema, porém, ainda que sempre haverá os incorruptíveis, a mudança não poderia começar de nós? A ocasião faz o ladrão, ou será que sempre fazemos as escolhas erradas por um caminho mais confortável achando que somos espertos?
Nunca houve na grade curricular do Brasil uma disciplina chamada ‘Educação Financeira’, ou seja, temos que esperar a fase adulta a fim de saber o que significa de fato dinheiro, enquanto na Finlândia, por exemplo, uma criança de dez anos já sabe investir. Neste caso essa sociedade chamada Brasil está nos corrompendo a não fazer bom uso de nossas finanças. Essa sociedade está nos corrompendo a fechar o vidro do carro porque não há segurança. Essa mesma sociedade nos corrompe a votar! Que ironia! Já que é a única democracia entre as 15 maiores economias do planeta onde o voto é obrigatório.
Todos já ouviram o sermão que se deve votar com consciência, ou seja, veja lá quem você coloca no poder. Fato é que a semelhança das características corruptíveis entre povo e governo está tão homogênea que não dá para saber quem é mais corrupto. E os poucos honestos que fazem parte dessa massa estão entre a cruz e a espada: Será que realmente vale a pena votar.
‘Dê a face ao espelho, e você verá quem realmente é o culpado’ – provérbio milenar oriental.