Montadoras defendem volta do carro popular
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Montadoras defendem volta do carro popular

 A compra do carro zero quilômetro parece cada vez mais distante. Preços exorbitantes, juros elevados, crédito restrito e queda do poder aquisitivo fazem brasileiros desistirem da compra e, consequentemente, a demanda cair. Com estoque para 40 dias de vendas, montadoras começam a suspender a produção e dar férias coletivas aos trabalhadores. Neste contexto, surge o tema: o retorno dos carros populares. Representantes de montadoras, concessionárias e empresas de autopeças têm discutido o assunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

    Lançado na década de 1990, o carro popular consistia em um programa de incentivos para veículos mais baratos. Na ocasião, o modelo popular ajudou montadoras a superarem crises internas e externas e foi usado por governos como ele-mento de impulsão da economia. De acordo com o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), José Andreta Júnior, a instituição irá colocar à disposição do governo um banco de dados para reativar a produção de carros mais baratos no país. Andreta afirma que o setor precisa de escala para gerar rentabilidade, caso contrário, demissões poderão acontecer. “Para o mercado girar precisamos de escala e não vamos conseguir com carros de R$ 300 mil ou R$ 500 mil”, afirma. 

   Hoje, apenas dois modelos à venda são considerados de entrada: o Renault Kwid, que custa R$ 68,2 mil, e o Fiat Mobi, vendido a R$ 69 mil. Um recente estudo da S&P Global, revelou que a indústria automotiva brasileira opera com quase 40% de ociosidade e, segundo dados divulgados na terça (4), pela Fenabrave, as previsões para mercado automotivo permanecem as mesmas divulgadas em janeiro deste ano: zero crescimento do mercado de automóveis, comerciais leves e de caminhões e 5% de aumento nas vendas de ônibus.

   Dias atrás a Stellantis, dona da Fiat, Jeep, Peugeot e da Citroën, também anunciou que apoia a volta dos carros populares. Segundo o presidente da Stellantis, Antonio Filosa, é necessário primeiro definir o conceito de carro popular, mais simples, com menos itens de série, porém seguro.

Etanol

   Os carros populares podem voltar, mas serão movidos apenas a etanol. Custarão entre R$ 50 mil e R$ 60 mil e com motor 1.0. Este é o plano que está sendo analisado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). A escolha do etanol visa as metas de descarbonização. A ideia é oferecer um produto com maior apelo fiscal e ter uma categoria de tributação exclusiva, adequada ao novo arcabouço fiscal.

 

Foto: Reprodução 

 

Por Nicole Floret- 07/04/23