Não é a inovação tecnológica que muda e pulveriza os empregos
Opiniao

Não é a inovação tecnológica que muda e pulveriza os empregos

No jornal The New York Times de domingo, uma matéria intrigante que vale a pena ser discutida. Diz o autor, o historiador de Economia, Louis Hyman, que a natureza insegura do trabalho é resultado de decisões das corporações e dos policymakers. E mais:
“Quando aprendemos na escola sobre o que foi a Revolução Industrial, ouvimos muito sobre fábricas, motores a vapor, talvez no poder do tear. Somos ensinados a pensar que a inovação tecnológica conduziu a mudança social e remodelou de forma radical o mundo do trabalho.
Da mesma forma, quando falamos sobre a economia de hoje, nos concentramos em smartphones, inteligência artificial, aplicativos (apps). Aqui, também, a marcha inexorável da tecnologia é vista como responsável pela destruição do trabalho tradicional, da eliminação gradual dos empregados assalariados, e sua passagem a trabalhadores autônomos, que empreendem de forma independente, consultores, profissionais temporários e freelancers – a chamada Gig Economy, ou dos contratos de curta duração.
Mas esta narrativa está errada. A história do trabalho mostra que a tecnologia não conduz geralmente à mudança social. Pelo contrário, a mudança social é tipicamente impulsionada por decisões que tomamos sobre como organizar o nosso mundo. Somente mais tarde a tecnologia amadurece, acelera e consolida aquelas mudanças.
Esta visão é crucial para qualquer pessoa preocupada com a insegurança e outras deficiências da Gig Economy. Pois isso nos lembra que, longe de ser uma consequência inevitável do progresso tecnológico, a natureza do trabalho sempre permanece como uma questão de escolha social. Não é um resultado de um algoritmo; é um conjunto de decisões das empresas e dos decisores políticos” (…)