NASA: novo sistema Lasercomm, a tecnologia OPALS
Opiniao

NASA: novo sistema Lasercomm, a tecnologia OPALS

14/07/14

As comunicações ópticas atmosféricas via raios laser (Lasercomm) já existiam há mais de 40 anos. Mas sua capacidade era limitada e sujeita a interferências. Surge agora a tecnologia OPALS (sigla em inglês de Cápsula Óptica de Precisão para a Ciência de Comunicações via Laser, ou seja, Optical Payload for Lasercomm Science), anunciada na sexta-feira, 06 de junho de 2014, pela NASA, após a transmissão à velocidade de 175 Megabits/segundo, realizada no dia anterior, de um vídeo em alta definição denominado “Alô, Mundo” (Hello, World) feita a partir da Estação Espacial Internacional (ISS) e recebido pela estação terrestre do Laboratório do Telescópio de Comunicações Ópticas instalada no Observatório Table Mountain, em Wrightwood, na Califórnia.
A transmissão pelo sistema OPALS foi a primeira desse tipo, feita com o objetivo de melhorar o modo de recepção de dados da ISS em órbita ou de outros veículos no espaço. Na verdade, a nova tecnologia de comunicações ópticas – conhecida pelo jargão internacional de lasercomm – equivale ao salto de qualidade obtido quando se passa de um acesso discado à Linha Digital de Assinante (DSL-Digital Subscriber Line).
“É incrível a gente ver esse magnífico feixe de luz chegando de umm minúsculo aparelho lá na Estação Espacial”, diz Matt Abrahamson, gerente da missão OPALS da NASA, no Laboratório de Propulsão a Jato (Jet Propulsion Lab ou JPL), em Pasadena, na Califórnia.
O sistema OPALS foi lançado para a Estação Espacial pelo SpaceX Dragon, no começo de abril. A demonstração da tecnologia antecipa a exploração pela NASA de métodos de comunicação com muito maior banda larga para as futuras espaçonaves.
As ferramentas de comunicações ópticas como o OPALS utilizam o foco de energia do laser para alcançar taxas de transmissão de dados de 10 a 1.000 vezes mais altas do que as atuais formas de comunicações espaciais, as quais se baseiam ainda em segmentos do espectro eletromagnético.
O sucesso do OPALS também é um passo importante na melhoria das velocidades de comunicação além dos veículos de órbitas baixas. O novo equipamento permite que as taxas de transmissão se aproximem das velocidades cada dia maiores dos dados gerados pelos instrumentos científicos.
A capacidade do sistema poderá substituir as frequências hoje reguladas pelo governo (via FCC), atualmente utilizadas a partir da órbita terrestre para atender às necessidades dos pesquisadores nas futuras missões, como as que visam levar e trazer astronautas ao planeta Marte.
“Esperamos que a experiência acumulada com o OPALS ao longo dos próximos meses nos permita dominar a capacidade de comunicações para as futuras missões de exploração do espaço profundo” – prevê Abrahamson.
As duas pontas móveis
A Estação Espacial gira em torno da Terra a uma velocidade de 28.800 km/hora. Essa velocidade exige extrema precisão em se apontar o raio laser para a estação terrestre. Isso equivale a uma pessoa tentar acertar a ponta de um fio de cabelo humano, caminhando a uma distância de 10 metros desse fio. Para alcançar essa precisão, o OPALS travado no foco emitido pelo Laboratório terrestre, instalado em Wrightwood.
O feixe de laser, de 2,5 watts e 1.550 nanômetros, transmitiu na semana passada o vídeo durante 148 segundos e alcançou a taxa máxima de 50 megabits/segundo. O OPALS precisou de 3,5 segundos para transmitir um exemplar do vídeo “Hello World”. Por métodos tradicionais, esse vídeo exigiria mais de 10 minutos de tempo de transmissão, utilizando os links descendentes da ISS. Ao longo dos 148 segundos, o vídeo foi transmitido muitas vezes.

Ethevaldo Siqueira é jornalista especializado em telecomunicações e professor universitário, e-mail esiqueira@telequest.com.br