Nestes 30 anos do Macintosh, minha gratidão a Steve Jobs (Final)
Opiniao

Nestes 30 anos do Macintosh, minha gratidão a Steve Jobs (Final)

08/02/14

Fiz meu primeiro curso de microinformática ainda em 1979 e aprendi a programar em Basic, linguagem que pouca utilidade te-ve em minha vida prática. O mais curioso é que, por ter sido um dos primeiros usuários – e só por essa circunstância – fui muitas vezes convidado a dar meu depoimento sobre o novo mundo da microinformática, em dezenas de palestras Brasil afora, sem qualquer remuneração, pelo simples prazer de divulgar um assunto que apaixonava as novas gerações.
Desde os primeiros tempos em que comecei a usar meu Apple II, eu alimentava o desejo de conhecer Steve Jobs e, é claro, de entrevistá-lo, ainda que em coletivas. Essa oportunidade chegou em junho de 1983, quando viajei a Cupertino, na Califórnia, para cobrir o lançamento do computador Lisa.
O primeiro Mac ninguém esquece
Comprei um dos primeiros Macs que chegaram ao Brasil, depois de ver uma demonstração completa no escritório de Moris Arditti, presidente da Polyvox. Aquela linda máquina não só me despertou uma grande paixão, mas fez uma verdadeira revolução em meu dia-a-dia.
Ao longo dos últimos 30 anos, como usuário dos diversos computadores da Apple, desde o heroico Apple II até meu super iMac, um avião, integrei-me para sempre à fanática legião de clientes apaixonados que ostentam no para-brisa de seus carros o decalque da pequena maçã mordida.
Esquecendo totalmente a compostura exigida dos jornalistas, virei tiete das apresentações de Steve Jobs, nos grandes lançamentos em que ele se transformava em pop star e dava um show de comunicação. E a plateia, inclusive eu, gritávamos, pulávamos e aplaudíamos cada feature anunciado nos novos produtos. Nunca me esquecerei daqueles lançamentos, em especial os promovidos nos eventos da Macworld.
Sei que Steve não inventou nada sozinho. Não criou o mouse, nem a interface gráfica de usuário, nem a tela de toque, nem o iPod, nem os demais avanços do iPad, que parecem mágicos. Mas orientou cada projetista e engenheiro a incorporar as coisas geniais que sempre marcaram seus produtos.
Como jornalista, mais do que qualquer outro profissional, tenho sido beneficiário dessa revolução – da qual você foi um dos grandes líderes – a revolução dos computadores e da mobilidade. Com sua incrível intuição, Steve sempre percebeu, antes de qualquer outro inovador, todas as transformações radicais que viriam ocorrer no jornalismo e em outros setores ligados às comunicações, nos últimos 30 anos. Ele nos deu, antes que seus concorrentes, as ferramentas que multiplicam nossa capacidade de trabalho.
Obrigado, Steve
Sou profundamente grato a Steve, quando vejo meus netos, garotos de 10, 12 e 14 anos, dominarem com a maior tranquilidade a máquina que inibe os mais idosos. Ou quando navegam e mostram sua habilidade em pesquisar qualquer tema na internet
Hoje 24 de janeiro, quando você comemora os 30 anos do Mac, eu quero lhe dizer algumas coisas bem pessoais, só a você, enquanto termino este artigo. Por pura coincidência, o computador que você criou, toca neste momento algumas de minhas músicas preferidas, do iTunes, e começo a me emocionar, pois estou ouvindo Lacrimosa, o trecho mais pungente do Requiem, de Mozart.
Esta música, Steve, bem poderia ser a mais singela homenagem a você, não apenas minha, mas de todos os outros seres humanos que estão agradecidos por tanta coisa boa que nos proporcionou.
Obrigado, por tudo, Steve.