O grafeno é um material inovador, 200 vezes mais forte do que o aço
Opiniao

O grafeno é um material inovador, 200 vezes mais forte do que o aço

Há quatro anos entrevistei o cientista russo Andre Geim, Premio Nobel de Física de 2010, em companhia de outro russo, Konstantin Novoselov. Conversei com o grande cientista após a palestra que ele fez no dia 3 de março de 2016, na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), um dia após a inauguração do MackGraphe – Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologias.
Como o mundo se prepara para desenvolver as pesquisas mais ambiciosas sobre o grafeno, volto a falar do grafeno uma das formas mais revolucionárias de apresentação do carbono, como elemento químico — como são as chamadas formas alotrópicas do carbono: grafite, nanotubos de carbono, carvão e diamante.
O grafeno é um material 200 vezes mais forte do que o aço, que se apresenta em folhas ou lâminas mais finas do que uma folha de papel. Mais ainda: é um condutor elétrico melhor do que o cobre. Embora seja formado de carbono, exatamente como outras formas alotrópicas desse elemento, o grafeno é um material bidimensional formado por lâminas de apenas um átomo de espessura, forte, leve, flexível, ótimo condutor de eletricidade e quase totalmente transparente.
Pesquisadores de todo o mundo utilizam o grafeno para aplicações e avanços em uma ampla variedade de setores. Com o grafeno será possível a produção de:
• Placas solares de 50 a 100 vezes mais eficiente
• Semicondutores de 50 a 100 vezes mais rápidos:
• De aviões até 70% mais leves
Com esse material, os cientistas esperam produzir telas de smartphones ou monitores de computadores que podem ser curvadas ou até dobráveis. Ou produzir as baterias do futuro, recarregáveis em apenas um décimo do tempo em comparação com as baterias atuais e com a capacidade de armazenamento 10 vezes maior.
Ele é tão vital para o futuro da tecnologia e da indústria que tem sido chamado de “mineral crítico ou estratégico” nos Estados Unidos e na União Europeia. Mas até agora poucas empresas em todo o mundo têm tido acesso aos recursos minerais exigidos para a produção de grafeno. E, pasmem, 70% desses suprimentos são controlados pela China.
Alguns investidores mais ambiciosos lançam projetos sofisticados nesse setor – na expectativa de seus resultados sejam altamente lucrativos exatamente como ocorreu com os minerais das chamadas “terras raras” há poucos anos. Exemplos desses elementos químicos são: Lantânio, Praseodímio, Cério, Neodímio, Promécio, Samário, Európio, Gadolínio, Térbio, Disprósio, Hólmio, Érbio, Túrbio, Itérbio e Lutécio.
O denominação de grafeno foi proposta como uma combinação de grafite e o sufixo – eno, por Hanns-Peter Boehm, cientista que primeiro descreveu folhas de carbono em 1962. Na época em que foi isolado, muitos pesquisadores que estudavam nanotubos de carbono já estavam bem familiarizados com a composição, a estrutura e as propriedades do grafeno, que haviam sido calculadas décadas antes.
A combinação de familiaridade, propriedades extraordinárias e surpreendente facilidade de isolamento permitiu uma explosão nas pesquisas sobre o grafeno.
O Prêmio Nobel de Física de 2010 foi atribuído a Andre Geim e Konstantin Novoselov, da Universidade de Manchester por suas experiências inovadoras em relação ao grafeno.