O menino que não queria fazer papel de árvore
Opiniao

O menino que não queria fazer papel de árvore

O colégio onde Mário estudava mostraria para pais, alunos, funcionários e convidados a peça mais aguardada. Era um trabalho teatral de final de ano e Mário foi escalado para fazer o papel de árvore na história, em que consistia em se fantasiar de árvore e ficar plantado no fundo do palco do começo ao fim da peça – nada extraordinário ao seu ver.
Toda vez no almoço, quando a família estava sentada à mesa, o menino comentava a mesma coisa com seus pais:
-Mãe, a peça vai começar daqui um mês e nós já iniciamos os ensaios, mas eu nem quero ir. -Por que não, filho? -Por causa dessa árvore ridícula que eu tenho que fazer. O garoto até tinha razão, de modo que não havia motivos a fim de ensaiar para um papel de árvore, já que seu personagem ficaria parado, de pé, dentro de um tronco, o tempo inteiro – o menino estava desanimado.
No dia seguinte a Mário queixou-se outra vez. Sempre falava da tal árvore, até que um dia o pai procurou resolver a questão: -Filho, como é o nome da peça? -Chama-se ‘Não leve meu sol embora’. -Então você pode ter certeza que a árvore é muito importante para essa peça. -Por que pai? -Porque árvores se alimentam de luz solar. Após o pai explicar o papel da natureza, cuja importância é vital para o ser humano, o menino, entendeu, porém, o pai percebeu que o filho ainda precisava de um incentivo: -Vem cá Mário, vou te mostrar uma coisa.
O pai guardava um carro antigo na garagem, muito conservado. Até capa tinha a fim de não pegar poeira. Quando chegaram na garagem, o pai perguntou: -O que você vê aqui filho? -Um carro que você guarda na garagem com esse pano por cima. O pai, então, tirou a capa, abriu o capô e disse: -E agora, o que vê? -Bom, eu vejo um montão de parafusos e peças que eu nem sei o que é. -Pois bem filho, esse montão de peças e parafusos é essencial para o bom funcionamento do veículo. Tá vendo esse parafuso aqui? -Tô! -Então tome essa chave de fenda e tire ele. O menino fez a simples tarefa, ao que o pai pediu: -Agora ligue o carro. O menino fez a tarefa novamente, porém sem sucesso. -Ih pai… acho que seu carro tá velho, nem ligou. -É… eu percebei que não ligou! Faz um favor, então: rosqueie esse parafuso de onde você tirou e depois tente ligar o carro de novo. O menino assim fez e o carro realmente funcionou.
O pai não precisou falar nada. Naquela mesma noite eles assistiram a um jogo de futebol na TV, em que o goleiro tinha sido o melhor jogador e, ao término do duelo, o pai salientou: -Tá vendo filho, imagine se não tivesse goleiro… Todas as pessoas são importantes numa equipe, principalmente sua árvore. Vá lá e encare-a como o melhor papel da peça; como a melhor profissão do mercado; como o componente principal de um carro. Seja o goleiro da sua apresentação, e faça o melhor que há dentro de você.
Convenhamos que papel de árvore, de fato, não requer tantos desafios, mas isso era o de menos para uma criança de 12 anos que agora estava bem motivada, feliz e preparada. E o que importa, não é a quantidade de aplausos exteriores; e sim a sensação de paz interior pela felicidade do dever cumprido.