O Movimento Constitucionalista de 1932
Luiz José M. Salata Opiniao

O Movimento Constitucionalista de 1932

No dia 23 de maio de 1932, um fato marcante aconteceu na vida dos paulistas, pois o que era para ser apenas um comício acompanhado de pacífica manifestação política contra o regime de Vargas, acabou em tragédia.Uma multidão  reunida na Praça da República, em São Paulo, protestava contra o governo para pedir  que o país voltasse  a ter uma Constituição, pois Vargas a tinha rasgado pelo golpe. Em resposta a truculenta polícia do governo de forma desproporcional atacou a multidão, resultando dessa violenta intervenção na morte dos jovens Martins,  Miragaia, Dráusio e Camargo. Com as mortes foi formada uma sociedade secreta com as iniciais MMDC, destinada ao combate à ditadura. Foi o estopim da reação paulista pois os mortos viraram  heróis, o que iniciou  um grande levante popular. O dia 23 de Maio, foi então marcado para sempre como  o crivo de partida para a luta por nova Constituição, cujo intento foi liderado pelos paulistas.  É considerado o mais importante  movimento cívico paulista ocorrido  entre 9 de julho e 4 de outubro de 1932, durante 87 dias, visando a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas, também a grande e última revolta armada   em resposta à ditadura.   O objetivo principal dos paulistas foi o da promulgação de uma nova Constituição para o país, em resposta à Revolução de 1930, implantada por Vargas que decidiu pela quebra da autonomia que os Estados brasileiros gozavam durante a  Constituição de 1891, a segunda e republicana. Na primeira metade do século XX, o Estado de São Paulo experimentou largo processo de industrialização e enriquecimento devido à valorização do preço do café, e da grande articulação do acordo da “política do café com leite” entre São Paulo e Minas Gerais, criada pelo Presidente Campos Salles, e os políticos desses estados se alternavam na Presidência da República. Mas, ocorreu o rompimento dessa combinação política,e o Presidente Washington Luis  lançou  Júlio Prestes como candidato, apoiado por grande maioria dos estados. Com a candidatura de  Getúlio Vargas  foi apoiado para a Presidência e João Pessoa para Vice-Presidente,  pela Aliança Liberal  por políticos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Em meio à grave crise econômica devido a Grande Depressão de 1.929, que derrubou os preços do café, Júlio Prestes do PRP foi eleito Presidente, em 1º de março de l.930, e Getúlio Vargas foi  derrotado. O assassinato de João Pessoa, sem conotação de crime político, foi a deflagração do movimento para impedir a posse de Júlio Prestes, tendo servido dita morte pelos adeptos de Vargas, como se fosse praticado por algum dos paulistas. No início de outubro de l.930, estoura a insurreição e no dia 24 os rebeldes  deram o golpe  liderados pelos  militares do Rio de Janeiro, depondo o Presidente Washington Luis e, em 3 de novembro entregam o poder a  Vargas. Desse modo, Getúlio Vargas que havia perdido as eleições para Júlio Prestes, “manu militari” assumiu o Poder com a Revolução de 1930, dissolveu o Congresso Nacional e instalou a ditadura, impedindo a posse de Júlio Prestes,  então Governador de São Paulo, derrubando ainda Washington Luis, que ocupava a Presidência da República Velha, e ainda invalidando a Constituição de 1891, e retirando as garantias constitucionais. Disso, aumentou a insatisfação popular pelo golpe, resultando na deflagração da Revolução de 1932, iniciada no “Dia 23 de Maio”. O restante da história todos sabemos pela luta dos paulistas, pela discordância de tamanha arbitrariedade por parte de Vargas, o qual formou com alguns estados brasileiros uma grande força militar e política, assumindo o poder pela ditadura, governando através de decretos e sem qualquer fiscalização financeira e legislativa, pois dominou a todos.