O sucesso do NAB Show
Opiniao

O sucesso do NAB Show

20/04/13

A inovação de maior impacto do NAB Show 2013, que terminou na sexta (12) aqui em Las Vegas, foi, sem dúvida, a tecnologia de televisão Super Hi-Vision, criada pela NHK, a TV estatal do Japão, empresa equivalente à BBC britânica. Assisti a uma demonstração especial da Hi-Vision, que produz a maior e mais bela imagem de televisão já apresentada em toda a história deste evento.
Trata-se de nova tecnologia de imagem em Super High Definition do padrão 8K, isto é, com oito vezes mais pixels do que a alta definição convencional. O resultado é uma imagem formada por 32 milhões de pixels (7.680 x 4.320), projetada sobre uma tela de até 15 metros de diagonal.
O projeto japonês prevê a transmissão de imagens em Super Hi-Vision pela atmosfera, ou em broadcasting. Nesse aspecto, a Super Hi-Vision japonesa talvez seja o sistema de TV aberta do futuro, que poderá ser transmitido regularmente para a casa das pessoas em 2020, no Japão.
As imagens apresentadas pela NHK em seu sistema de 8K são de uma nitidez impressionante. Na demonstração, foram apresentadas, entre outras, cenas filmadas na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, diversos aspectos do lançamento do último ônibus espacial e imagens dos desfiles de escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro de 2012. A gente tem a impressão de estar flutuando sobre os cenários olímpicos ou da Marquês de Sapucaí. É essa sensação que os especialistas buscam obter com a chamada TV de imersão.
Associada à beleza das imagens, a Super Hi-Vision produz ainda um som extraordinariamente envolvente, com 22.2 canais de áudio. A demonstração neste NAB Show 2013 foi a primeira feita fora do Japão.

Balanço da superfeira
Além da TV de superalta definição da NHK, havia muita coisa de grande interesse no NAB Show deste ano. As três grandes tendências reveladas foram: a) os televisores 4K, a Ultra High Definition e seus padrões; b) a importância da segunda tela tanto para o usuário quanto para as empresas; c) o impacto de novos fornecedores de conteúdo, como Netflix e Amazon.
Vale lembrar que os preços dos novos televisores 4K já caem ao nível de US$ 4 mil e US$ 8 mil, para os modeles de 47 a 65 polegadas, na linha anunciada pela Sony japonesa. Em janeiro de 2013 ainda custavam mais do que o dobro desses valores.
Um dos formatos de tela mais interessantes é o 9×42 mostrado pela Panasonic. Filmada com o acoplamento de três câmeras, a imagem ultralarga pode mostrar a totalidade de um campo de futebol, de um gol ao outro.
No campo das novas tecnologias, surgem aplicações inusitadas de computação em nuvem, no mundo tanto da TV quanto do rádio. O que concluímos é que a internet vai-se transformando na grande plataforma da comunicação audiovisual do futuro.
Outra revolução é a mobilidade, que permite a recepção de TV em diversas telas. Em todo o mundo, difunde-se o conceito da segunda tela. As pessoas passam a ver TV não só no televisor doméstico, mas também em laptops, tablets e smartphones. Para os especialistas, esse novo mundo tecnológico convergente nos permite acessar qualquer conteúdo, em qualquer dispositivo, a qualquer hora e em qualquer lugar.
O presidente da FCC (Federal Commu-nications Comission), agência reguladora de comunicações dos Estados Unidos, Julius Genachowski, que está deixando o cargo depois de quatro anos, disse na quarta-feira, dia 10, que a mobilidade exercerá grande impacto sobre a indústria de TV.
“Mobilidade é algo fascinante. É uma plataforma criada exatamente para aquilo que os radiodifusores fazem, que é produzir grande quantidade de conteúdo nacional e local. Se vocês olharem para trás, vão ver que os radiodifusores inicialmente resistiram ao cabo, mas logo perceberam que ele era seu grande aliado e não competidor. Atualmente, vivemos uma situação semelhante com a mobilidade, que pode significar verdadeira explosão para a radiodifusão.”
Em matéria de cinema digital, as novidades ficaram restritas mais à área de hardware, com as câmeras compactas para produção de imagens em Super HD, tanto para cinema digital quanto para TV.
Na área de rádio digital, os avanços têm sido relativamente pequenos. O assunto arrasta-se há mais de dez anos, com a disputa cada vez mais acirrada entre os sistemas americano (HD Radio) e europeu (DRM).
Num balanço sintético, o evento que terminou dias atrás atraiu 92 mil profissionais de rádio, TV, cinema e multimídia de 45 países, além dos Estados Unidos. Sua cobertura foi feita por 1.750 jornalistas de todo o mundo.
O Brasil no NAB Show
Além de muitas centenas de visitantes de todo o País, o Brasil apresentou um pavilhão próprio para sua indústria e promoveu mais de 40 palestras técnicas, organizadas pela Sociedade de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET), para um total de 400 profissionais de suas emissoras de rádio e TV.

Ethevaldo Siqueira é jornalista especializado em telecomunicações e professor universitário, e-mail esiqueira@telequest.com.br