Oposição selvagem ou propositiva?
Editorial

Oposição selvagem ou propositiva?

Duas semanas após a eleição do candidato Jair Bolsonaro (PSL) a presidência da República, a oposição já começa a se articular. Os partidos dão os primeiros passos de um cenário político que pode ou não se confirmar durante os próximos quatro anos.
Desta vez, a oposição não será automática e clássica, como nos últimos 24 anos, alternando entre os partidos líderes PSDB e PT. Nas eleições surgiu um ‘velho novo’ cenário, o resgate da disputa enfadonha entre esquerda e direita.
A oposição será composta pela ‘esquerda’, que pelo que já demonstra no esboço do governo de Bolsonaro, não estará unida. Os partidos de oposição se dividiram entre oposição “propositiva” e de “resistência”. A propositiva, deverá ser formada pelo bloco PDT, PSB e PC do B, incluindo, possivelmente, o PV e o PPS, e liderados pelo partido de Ciro Gomes, que apesar de buscar um cenário favorável para as eleições presidenciais de 2022, irão desempenhar uma oposição responsável ao próximo governo. Já o PT e o PSOL deverão ficar descolados desse grupo, e irão desempenhar uma oposição mais selvagem, ao governo de Bolsonaro, formando uma “frente ampla” de resistência ao governo.
O PT tem pretensão de comandar a oposição. Possui maior bancada de deputados na Câmara, 56 eleitos, mas, irá esbarrar em três entraves, o fortalecimento do PDT, de Cid e Ciro Gomes, que saíram fortalecidos das urnas, com o sentimento de vitória “anti-petista”, a escolha do novo nome que irá assumir a presidência do PT e o ‘solta-prende’ do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nada será automático. Ainda é preciso esperar, mas, os demais partidos da esquerda demonstram querer se descolar da agenda petista, e até discutir pautas do Bolsonaro, da área econômica, de segurança, etc, propondo o que o deputado André Figueiredo (CE), líder do PDT na Câmara, chamou de de “modelo cons-trutivo para o País”, sem o “hegemonismo que o PT quer impor aos demais partidos” evitando, que os partidos sejam apenas “um puxadinho do PT, que tem modus operandi próprio”.