Os 6 Ds das tecnologias exponenciais (I)
Opiniao

Os 6 Ds das tecnologias exponenciais (I)

As novas empresas estão desmaterializando o que já foi físico um dia. Além disso, estão criando novos produtos e fluxos de receitas em meses (às vezes, até mesmo em semanas). Já não é mais necessário ser o dono de uma grande corporação para causar um enorme impacto.
Em resumo, a tecnologia está transformando radicalmente os processos industriais tradicionais. E esta mudança traz consigo oportunidades para os empreendedores no futuro. O potencial para causar disrupção em mercados milenares nunca foi tão grande como hoje.
O ciclo das tecnologias digitais
Uma das maneiras de impactar positivamente a vida de milhões de pessoas é compreender as características das tecnologias exponenciais e seu ciclo de crescimento. Para facilitar a compreensão do referido ciclo, o futurista Peter Diamandis desenvolveu um modelo chamado 6Ds dos exponenciais. Em síntese, ele se desenvolve em seis etapas principais:
1. Digitalização; 2. Declínio ou Decepção; 3. Disrupção; 4. Desmonetização; 5. Desmaterialização; e 6. Democratização.
O erro da Kodak
Em seu livro Bold (2016), Peter Diamandis sustenta que todo empreendedor deveria compreender a estrutura dos 6Ds, para evitar que sua empresa tenha o mesmo destino trágico da Kodak Eastman Company. Embora tenha inventado a câmera digital em 1975, e iniciado uma nova era para a indústria da fotografia, a Kodak eixou de investir pesadamente na nova tecnologia digital, mantendo o sistema de negócios que sempre funcionou: câmeras e filmes analógicos, tradicionais.
No momento em que decidiu não interromper seus negócios existentes e assumir um risco no que era então território desconhecido, a Kodak abriu portas para que outros o fizessem. E quem se aproveitou da oportunidade? O Instagram. Após anos em queda vertiginosa, a Kodak entrou com seu pedido falência em 2012.
Além disso, a queda de fotos analógicas foi surpreendente, como demonstra o gráfico a seguir, que mostra o número de fotos tiradas por ano (com a linha de fotos analógicas em azul mais claro:
O ciclo de vida da foto analógica
Naquele mesmo ano, o Facebook adquiriu o Instagram – então uma startup com apenas 13 funcionários que tinha apenas 18 meses antes de vida – por nada menos do que US$ 1 bilhão.
O mesmo destino da Kodak pode acontecer com qualquer empresa hoje em dia. Por isso é importante, na visão de Diamandis, compreender e internalizar a estrutura dos 6Ds.
O primeiro “D”: Digitalização
Ao inventar a câmera digital, a Kodak transformou seu negócio de memórias. De imagens captadas em filmes e armazenadas em papel (processo físico), passou a viabilizar imagens captadas e armazenadas digitalmente, com zeros e uns (processo digital).
Embora tenha tomado uma iniciativa ousada, a Kodak não foi capaz de perceber o potencial do novo negócio digital e manteve o mesmo modelo negócios de sempre. Ao tomar essa decisão, a empresa “cavou sua própria sepultura”.
Todo empreendedor deve saber que qualquer coisa passível de ser digitalizada pode se disseminar a uma velocidade impressionante – e se tornar disponível a qualquer pessoa no mundo para ser reproduzida e compartilhada. Mas a Kodak parece que não sabia que poderia acontecer com a fotografia.
Quando um processo ou produto é digitalizado – passando do meio físico para o meio digital – ele passa a adquirir poder exponencial. É por isso que, para obter sucesso no mercado, todo empreendedor deve entender o “D” de digitalização.
O segundo “D”: Decepção ou Declínio
A Kodak não teve paciência para aguardar o crescimento exponencial de sua mais nova tecnologia (a câmera digital), preferindo permanecer no negócio tradicional de câmeras e filmes analógicos, que oferecia retornos financeiros certos, ao longo de sua história. Em resumo, a empresa não compreendeu que, após a digitalização, vem a decepção ou o declínio – o período no qual o crescimento exponencial está disfarçado e passa quase despercebido. Nessa etapa, a duplicação de números de pequenos concorrentes produz resultados tão minúsculos que, muitas vezes, se confunde com o lento progresso do crescimento linear ou incremental.
“Imagine a primeira câmera digital da Kodak dobrando de 0,01 megapixel para 0,02, de 0,02 para 0,04, de 0,04 para 0,08. Para o observador desatento, todos esses números parecem zero. No entanto, há uma grande mudança no horizonte. Como essas duplicações rompem a barreira dos números inteiros (tornando-se 1, 2, 4, 8 etc.), estão a apenas 20 duplicações de distância de uma melhoria de 1 milhão de vezes e a somente 30 de 1 bilhão”. (Peter Diamandis) É a partir desse momento que o crescimento exponencial – até então dissimulado e pouco perceptível – passa a se tornar visivelmente disruptivo. (Continua)