Os 6 Ds das tecnologias exponenciais (II)
Opiniao

Os 6 Ds das tecnologias exponenciais (II)

O terceiro “D”: – Disrupção
Em resumo, a câmera fotográfica digital criada por iniciativa foi do engegheiro Steven Sasson, ficou guardada na divisão de aparelhos da Kodak. Embora fosse volumosa, do tamanho de uma torradeira, e tivesse uma ti-nha resolução ainda muito baixa – de 0,01 megapixel e pesasse quase 4 quilos – ainda tirasse apenas 30 imagens digitais em preto e branco.
A invenção foi apresentada aos executivos da Kodak durante uma reunião em 1976. Contudo, a empresa acreditou que a proposta de Sasson não era interessante por duas razões.
Primeiro, porque a câmera levava 23 segundos para disparar e armazenar fotos de 0,01 megapixel. A olhos dos dirigentes da Kodak, a máquina estava mais para um brinquedo do que para uma tecnologia com potencial de gerar lucros no futuro.
Segundo, porque a adoção imediata da câmera digital – e o consequente investimento na tecnologia – prejudicaria os negócios de produtos fotoquímicos e papéis fotográficos. Na visão dos executivos, isso forçaria a Kodak competir contra si mesma.
A Kodak estava mais preocupada com os resultados trimestrais dos negócios. Sendo assim, não percebeu a disrupção que logo seria causada pela nova tecnologia em crescimento exponencial.
“Em termos simples, uma tecnologia disruptiva é qualquer inovação que cria um mercado e abala outro já existente. Infelizmente, como a disrupção sempre sucede a decepção, a ameaça tecnológica original com frequência parece ridiculamente insignificante”. – Peter Diamandis
Quando a Kodak percebeu o erro, era tarde demais. Já não era mais possível acompanhar a digitalização do setor, e os problemas começaram a aparecer. A empresa se tornou mais uma história de alerta sobre a natureza disruptiva das tecnologias exponenciais.
Todo empreendedor que almeja iniciar um negócio ou montar uma startup deve saber que esse tipo de ruptura é constante na era exponencial em que vivemos.
O quarto “D”: Desmonetização
Em 1996, a Kodak dominava completamente o mercado. Com mais 140 mil funcionários, a empresa possuía uma capitalização de mercado de US$ 28 bilhões. Somente nos Estados Unidos, controlava 90% do mercado de filmes e 85% do mercado de câmeras.
No entanto, em 2008 – um ano após o lançamento do iPhone, o primeiro smartphone com câmera digital de alta qualidade – o mercado da Kodak não existia mais. Com a chegada do iPhone ao mercado, os fluxos de receita da Kodak evaporaram. A criação de Steve Jobs retirou o dinheiro da equação.
A tecnologia tem a capacidade de tornar um produto ou serviço em algo substancialmente barato (ou mesmo gratuito). Isso é desmonetizar – é o que Peter Diamandis chama de “desmonetização”.
Com o lançamento do iPhone – e toda a série de smartphones que o sucedeu – qualquer um poderia ter sua própria câmera digital, em forma de aplicativo gratuito, e salvar as fotos no próprio smartphone. A compra de filmes fotográficos não fazia mais sentido.
Todo empreendedor deve compreender que bilhões de produtos e serviços estão mudando de mãos sem custo na medida em que a tecnologia fica mais barata.
Hoje, podemos baixar um sem número de aplicativos em nossos smartphones. Podemos acessar bytes de informação. Podemos explorar a multiplicidade de serviços a custos próximos de zero.
O Napster desmonetizou a indústria de música. O Craiglist, os anúncios classificados. O Skype, a telefonia de longa distância. A Uber está desmonetizando o transporte urbano. A Airbnb está demonetizando o setor de hotelaria.
O iPhone abriu a possibilidade de armazenar imagens digitais em uma câmera digital “de bolso”. O filme fotográfico foi totalmente desmonetizado. Enfim, o dinheiro saiu da equação. (Continua)