Os últimos minutos antes da decolagem do Saturno V rumo à Lua
Opiniao

Os últimos minutos antes da decolagem do Saturno V rumo à Lua

Relembro os instantes finais que antecederam a conquista da Lua. São registros que guardei de minha cobertura da Apollo 11 em 1969 – que fará parte do livro que planejo lançar até o começo de 2020.
Eu vivia há 50 anos a emoção com a expectativa da conquista da Lua. Cheguei aos Estados Unidos, na segunda semana de julho de 1969. Hospedei-me, como sempre, em Orlando, pela proximidade do Cabo Canaveral.
Na segunda-feira, 14 de julho, eu revia todas as informações sobre a Apollo 11. No dia 16 de julho de 1969, bem cedo, lá estava eu, a postos, no Centro Espacial Kennedy. Contemplei longamente o Saturno V, aquele foguete incrível de 110 metros de altura e 2.900 toneladas de peso total.
Às 9h32 (hora local da Costa Leste dos EUA ou 13:32 UTC), depois da contagem regressiva sentimos na pele e nos ouvidos o ruído estremecedor do Saturno V. Fixei na retina para sempre aquela decolagem do foguete que iria conduzir, em seu topo a cápsula da Apollo 11 com os três astronautas Neil Armstrong, Edwin ‘Buzz’ Aldrin e Michael Collins.
E tudo corria como previsto. A única coisa inesperada era a emoção que nos invadia quando o Saturno V, com seu ruído ensurdecedor começou a subir lentamente do Cabo Canaveral, na Flórida. Lá iam os três astronautas, dois deles com missão incrível e inédita de caminhar sobre o solo lunar.
Da plataforma reservada para os jornalistas, víamos a multidão que superava com certeza centenas de milhares de pessoas, nas estradas vizinhas, nos campos próximos ao Centro Espacial Kennedy e nas praias ao norte e ao sul da base de lançamentos. Começava a missão de oito dias de duração da Apollo 11 que realizaria o que podemos considerar o episódio mais importante do século 20.
O terceiro estágio do Saturno 5 se separou da espaçonave Apollo 11 pouco tempo depois de sair da atmosfera terrestre. A Apollo continuou sua viagem por três dias rumo à Lua.
A espera de quatro dias
Na mesma tarde voei para o Texas. Meu novo posto de observação seria agora o Centro de Controle de Missões da NASA em Houston. Assim que cheguei, passei a reler todos os documentos de informação sobre a missão assim como as notícias que chegavam a cada cinco minutos sobre a viagem da Apollo 11.
Relembro que a espaçonave Apollo 11 era constituída de três partes: o módulo de comando, denominado Colúmbia; o módulo lunar, Eagle (Águia); e o módulo de serviço. O comandante da missão era Neil Armstrong, enquanto Edwin Aldrin era o piloto do módulo lunar e Michael Collins, piloto do módulo de comando.
Nas últimas horas que antecederam à descida dos astronautas, tudo era otimismo, pois missão antecessora, a Apollo 10, quarta missão tripulada do projeto, havia testado com pleno sucesso o módulo lunar, num voo a apenas 15.600 metros da superfície da Lua, no dia 22 de maio, com os três astronautas veteranos: Thomas Stafford, John Young e Eugene Cernan. Sem qualquer problema, o Módulo Lunar, sem ninguém a bordo, seguiu a órbita de descida até 15.600 km da superfície lunar, ponto em que começou a descida motorizada (com jato retroativo) para pouso normal na Lua.