Osesp, Coro da Osesp e solistas fazem concertos na Sala São Paulo
Cultura & Lazer

Osesp, Coro da Osesp e solistas fazem concertos na Sala São Paulo

Nesta semana, entre quinta (10) e sábado (12), a Osesp segue apresentando concertos na Sala São Paulo sob o comando do regente inglês Neil Thomson, e recebe também o Coro da Osesp e cinco solistas convidados (entre eles, a violinista Priscila Rato e o pianista Lucas Thomazinho). O programa começa com Jesu, Meine Freude, de Johann Sebastian Bach, seguida da obra Pequenos Funerais Cantantes, de Almeida Prado; a segunda parte do programa traz a adorada The Lark Ascending, do britânico Ralph Vaughan Williams, e o exuberante Choros nº 8, de Heitor Villa-Lobos. A apresentação de sexta (11), às 20h30, contará com transmissão ao vivo no canal oficial da Osesp no YouTube.

No sábado (12), às 20h30, acontece também a última edição de 2022 da Festa Internacional do Piano – FIP Jazz. O pianista argentino Pablo Ziegler, que no passado integrou o quinteto do mestre do tango Astor Piazzolla, se apresenta ao lado de outra pianista, a japonesa Masae Shiwa, no palco de nossa sala de concertos (a apresentação também terá transmissão digital ao vivo no YouTube da Osesp).

Existem peças que estão tão fortemente enraizadas na cultura ocidental que parecem ter existido desde sempre. Jesu, Meine Freude é uma delas. E sendo uma das obras mais familiares e aclamadas de Bach, ela é, paradoxalmente, uma daquelas que costumam ser conhecidas apenas superficialmente. Todos sabem seu início, mas poucas pessoas realmente ouviram a peça até o fim. A maior parte das que apreciam a música do Barroco poderia cantar o seu tema principal, mas poucas têm noção de como esse tema é trabalhado no decorrer da composição. Considerado uma das obras vocais máximas de Bach, é seu moteto mais longo, o mais elaborado e um dos poucos com cinco vozes. A data e a ocasião de sua composição são incertas e ainda geram debates no meio musicológico. Sua estrutura é simétrica, alternando textos bíblicos e hinos luteranos ao longo de 11 seções, com texturas e tratamentos vocais variados.

Pequenos Funerais Cantantes, do paulista José Antônio Rezende de Almeida Prado (1943-2013), foi escrita para coro, solistas e orquestra, sobre o poema homônimo de Hilda Hilst. Embora Almeida Prado utilize uma ampla gama de instrumentos na formação orquestral, ele o faz a fim de criar timbres diversos — em momento algum ocorre um tutti. Versátil também é o emprego do coro para além da tradicional escrita coral, com elementos como o canto monódico, o estilo declamatório e sílabas entrecortadas por pausas e texto falado. A obra estrutura-se em três partes: “Corpo de Fogo”, “Corpo de Terra” e “Corpo de I”.

Baseada em um poema de George Meredith, que o britânico Ralph Vaughan Williams usou como epígrafe, The Lark Ascending (1920) é uma peça programática em um único movimento, que não tenta ilustrar o poema, contar uma história linear ou reproduzir sentimentos. Antes, procura estabelecer uma identificação com a natureza, retratando não apenas o voo da cotovia, mas também o chilrear do pássaro, o movimento do ar que se desloca, o ambiente circundante, o céu que recebe o farfalhar das asas. Nessa conexão com o mundo natural, Vaughan Williams reflete uma tendência já presente na música do passado, que ele admirava e da qual se considerava a continuação lógica. Ao voltar da guerra, na qual se alistara, o compositor solidificou seu estilo próprio, que almejava uma identidade nacional através de sólidos laços com a música do Barroco e com as melodias tradicionais inglesas.

O Choros nº 8, concebido em Paris em 1925, terminado no Rio de Janeiro e estreado em Paris, em 1927, nos Concerts Colonne, com regência do próprio Heitor Villa-Lobos, é a quintessência das novidades que atravessam o compositor de maneira inventiva e plenamente dominada. Composto para orquestra e dois pianos, o Choros nº 8 foi chamado por seu autor de “Choros da Dança”, empregando grande número de instrumentos brasileiros de percussão, entre eles o caracaxá. Além disso, um dos pianos é tratado, essencialmente, como força rítmica.