Osesp toca com regente Brabbins e pianista Bavouzet
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Osesp toca com regente Brabbins e pianista Bavouzet

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) se apresenta na Sala São Paulo, entre quinta (25) e sábado (27), sob a batuta do maestro britânico Martyn Brabbins e convida nestes concertos o pianista francês Jean-Efflam Bavouzet (foto). O programa traz duas obras do mestre Wolfgang Amadeus Mozart (a Abertura da ópera O Rapto do Serralho e o Concerto nº 12 para Piano, este com Bavouzet) e a Sinfonia Londres, do também britânico Vaughan Williams. Depois, no domingo (28/mai), Bavouzet retorna sozinho ao nosso palco para um recital da Festa Internacional do Piano – FIP Clássica. O repertório terá obras adoradas de Chopin e Debussy, além das Doze Notações de Pierre Boulez. Vale lembrar que a performance de sexta (26), às 20h30, será transmitida ao vivo no canal da Osesp no YouTube.

A abertura da ópera O Rapto do Serralho, escrita por Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) em 1782, lança mão de inúmeros recursos de caracterização. É exuberante, tem instrumentação rica e alterna sonoridades “ocidentais” com evocações do Oriente. Ela introduz o ouvinte ao clima festivo da obra, com as madeiras ágeis enfatizadas pelo flautim brincalhão. Na seção central contrastante, os instrumentos de palheta conversam com as cordas, estabelecendo uma atmosfera de dolente expressividade, que serve para dar ainda mais brilho à volta da música esfuziante do início. Ao descrever esta abertura em carta a seu pai, Mozart assegura que mesmo alguém que tivesse dormido muito mal na noite anterior não conseguiria permanecer indiferente a seu encanto. Diante da sua música espirituosa, ao mesmo tempo desafiadora e insinuante, só podemos concordar com a afirmação.

Foi para se livrar do jugo de Hieronymus Von Colloredo, o príncipe-arcebispo de Salzburgo que foi conhecido por ser autoritário, arrogante e pouco generoso, que Mozart resolveu tentar a sorte em Viena, como músico independente. Os quatro anos que se seguiram, com altos e baixos financeiros, foram bastante produtivos, e a reputação de Mozart como compositor e solista cristalizou-se. As obras desse período são permeadas pela sensação de liberdade recém-conquistada. Durante a estadia em Viena, Mozart comporia um número notável de concertos para piano. Dentre esses, o Concerto nº 12, escrito para a temporada musical do inverno de 1782, caracteriza-se pela construção límpida, pelo equilíbrio formal, pela invenção melódica inesgotável e, principalmente, pela escrita hábil, de resultados imediatos, que anuncia as grandes qualidades da música de maturidade do compositor.

A primeira menção à Sinfonia nº 2 em Sol Maior – Londres consta numa carta de Ralph Vaughan Williams (1872-1958) para o compositor Cecil Sharp (1859-1924), em julho de 1911: “Estou no meio de uma grande obra e, a menos que eu sofra um bloqueio, não pretendo largá-la”. Isso sugere que a composição pode ter sido iniciada já em 1910. Apesar de sua base programática, a Sinfonia não deixa de ser música “absoluta”. A influência de Edward Elgar é evidente e foi admitida, mas é óbvio que a peça era contemporânea de Petrushka, de Stravinsky, e Noturnos e La Mer, de Debussy. No entanto, todas essas influências são absorvidas numa das obras mais características de Vaughan Williams, sua sinfonia preferida, entre as nove que compôs.

A Festa Internacional do Piano – FIP Jazz e Clássica tem o patrocínio do Bradesco, copatrocínio da igc e apoio do Mattos Filho, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.