Pandemologia
Opiniao

Pandemologia

No momento em que vivemos a crise da pandemia, aprendemos novas palavras que nunca fizeram parte do nosso dia-a-dia verbal.
Nosso linguajar diário, se enriqueceu com novos vocábulos que jamais o “Aurélio” e o “Houaiss” haveriam de sonhar em acrescentar em seus dicionários.
Comorbidade por exemplo. Este substantivo tornou-se mais conhecido recentemente, e seu significado abrange mais de uma doença.
Covid é a questão. E ainda leva o 19 a sua frente. Doença essa que deriva do Coronavírus, que é uma família de vírus que causa infecção respiratória. Covid significa Corona Virus Disease, e 19 se refere a 2019.
E como falamos? “A” Covid ou “O” Covid? Suponho ser masculino, pois Covid é um vírus e não uma vírus.
Lockdown também entrou no rol da “pandemologia” por assim dizer.
Segundo Sérgio Augusto, escritor e jornalista, em recente artigo no Estadão, os lexicógrafos do Instituto Leibniz, que há três décadas estudam e zelam pela língua alemã, já levantaram mais de mil e duzentos neologismos relacionados à pandemia. Alguns com mais de vinte letras.
O substantivo máscara, por exemplo, ganhou inúmeras variações.
Sinônimos e derivados é o que não faltam, sobretudo em política.
Bolsonaro é um dos campeões nesta lista, pois desde sua posse acumula uma relação de mais de cem apelidos, e que se fossem colocados nas redes sociais, a lista poderia até dobrar.
O segmento Educação também surge com força, muito embora, modelo “remoto”, ensino “híbrido”, e EAD (Ensino a Distância) não sejam novidades para os especialistas. E agora também, “homeschooling” vem no esteio do ensino domiciliar.
Pânico, ansiedade, síndrome da gaiola, acolhimento virtual, distanciamento ou isolamento social, inclusão digital, são vocábulos que surgem com vigor no atual momento.
Delivery, Drive-Through ou Drive-Thru, Take-Away ou Take-Out, são modalidades de atendimento ao público destinado ao consumo de refeições a se fazer em outro local.
E o verbo “colapsar” veio com tudo também para ser conjugado: colapso no sistema de saúde público ou privado.
Frontliner, zoom, meet, team, social distancing, on line, live, já anteriormente conhecidos pelos povos de língua inglesa, tiraram o máximo proveito vocabular oferecido pela pandemia.
Mário Souto Maior, etnógrafo, publicou o livro “Nomes Próprios Pouco Comuns” e que, se vivo estivesse, certamente registraria os nomes dos novos rebentos que brevemente deverão ser batizados: – Quarentena, Cloroquina, Astragênica, Altogelson, Cloronilda, Pandemilson, Lockdalson, Mascareide, Vacinária, Virtulino, Livenil-da, Colapsildo, e tantos outros inusitados que virão, fruto desta Pandemia.