“Por que desperdiçar bilhões de dólares em projetos espaciais?”
Opiniao

“Por que desperdiçar bilhões de dólares em projetos espaciais?”

Essa é uma pergunta frequente, que já ouvi centenas de vezes, agora partida de um amigo, engenheiro culto, como reação a um artigo que escrevi sobre a Sonda Solar Parker. Ele me questionou com as seguintes palavras:
— Qual será o real benefício de tantos gastos para conhecermos o passado do fora Sistema Solar? Com a mesma determinação e dinheiro não teríamos uma Terra melhor? E mais longeva?
 “Seu comentário é um tiro na alma da pesquisa pura. Conheço um pesquisador que estuda há anos os “isópodas” – aqueles tatuzinhos que vivem debaixo de pedras úmidas em nossos jardins. Essa classe de animais surgiu no planeta há mais de 300 milhões de anos, no Período Carbonífero. Esses bichinhos já estavam no planeta muito antes dos dinossauros, há pelo menos 300 milhões de anos. De lá para cá, os isópodas superaram todos os cataclismos e, talvez, tenham algum segredo para nos revelar sobre sua resistência e longevidade na face da Terra. Mais um detalhe curioso é seu comportamento sexual com dezenas de relações (ou cópulas) por dia.”
Mais dois exemplos interessantes que têm sido objetos de pesquisas:
1. O tubarão da Groenlândia, Somniosus microcephalus, vive por muitos séculos, e pode chegar a 500 anos, de acordo com um estudo publicado em agosto de 2016 na revista Science.
2. A sequoia-gigante da Califórnia mais velha conhecida tem 4.650 anos de idade, altura de 115 metros e tronco com diâmetro de 18 metros.
“Para argumentar com mais fatos e provas, em defesa da importância da pesquisa científica pura, eu teria que preencher 100 páginas de livros para relacionar todos os benefícios trazidos à Humanidade por investimentos que, como você classifica, seriam desperdícios. Apenas o trabalho da Sonda Solar Parker poderá trazer descobertas revolucionárias sobre o vento solar (que causa tantos problemas à saúde do ser humano, além de problemas meteorológicos) e ainda nos esclarecer pormenores científicos sobre como funciona uma sonda que cruza um ambiente com temperatura de 1 milhão e 500 mil graus Celsius e não se funde nem se vaporiza.
Os satélites foram xingados com o mesmo argumento seu – desde o primeiro Sputnik até o último importante, o Éolo – satélite meteorológico europeu lançado no dia 21 de agosto, que ajudará os cientistas a elaborar previsões do tempo muito mais precisas e de âmbito mundial. Todos os cidadãos que se utilizam, do GPS, o Waze, o WhatsApp, o Skype e serviços via satélite como as ligações internacionais, deveriam agradecer às pesquisas científicas, que tantos benefícios trouxeram à humanidade.