Por que eu?
Opiniao

Por que eu?

Foi comigo, mas não sei porque! Ano de 1982. Meu pai falecera, eu já me inclinava ao Espiritismo de Kardec e ao caminhar pela cidade tive uma forte inclinação para comprar telas e tintas. Briguei comigo pois eu nunca tive inclinações para crochê, tricô ou pintura. Sempre gostei de escrever, de estudar. Afinal comprei o que minha intuição ordenou e comecei a pintar. Pintei uma centena de quadros, briguei com as tintas e surpreendi minha família, pois eles achavam “esquisito” eu ficar pintando quadros. Assim, minha mãe, viúva há ano e meio, recebeu um convite para irmos a São Paulo a um teatro, para ver o medium Luiz Antonio Gasparetto pintar quadros de maneira espetacular, os quais, explicaram-me, vinham mediunicamente. Neste evento os quadros seriam leiloados e a renda iria para Betim, para ajudar a socorrer uma instituição que tratava de doentes leprosos e fogo selvagem. Na plateia, longe do palco, estávamos ansiosos para ver tudo acontecer. E foi espetacular mesmo. O medium pegava as tintas aleatoriamente, tirando-as de um saco e abrindo as bisnagas, na penúmbra, com a boca. No palco ficavam Gaspareto e os mediuns da casa espírita que iria beneficiar os doentes de Minas. Foi dito que não se levantassem e fizessem silêncio! A pintura foi acontecendo com rapidez. Alguém pegava os quadros pintados e colocava outra tela na mesa. Assim, em dado momento, eu me senti envolvida por algo estranho, e vi perfeitamente um homem de cabelos meio longos do lado de Gasparetto. Senti-me compelida a “falar” pela mente com este ser. Eu estava entre minha mãe e meu marido e segurava suas mãos fortemente. O medium parou como se fosse uma estátua, enquanto eu “dizia”: “Olá! Eu estou pintando e está estranho, pois eu nunca fiz isto! Será que posso vender para caridade?” Ele “disse”: “Sim, é seu dever”. Então, mesquinhamente eu perguntei a ele se eu poderia retirar das vendas o que eu estava gastando em tintas e telas. Ele disse enérgico: “Não! Pintar, é sua contribuição, assim como as tintas e as telas”! Daí eu ousei: “por favor, pinte-me, se possível! Eu vou ficar feliz! Ponha a cor verde como sinal!” Desapareceu “o ser”. Gaspareto, antes imóvel, voltou a pintar freneticamente. Minhas mãos suavam entre as mãos de minha mãe e meu marido. Eles acharam que eu não estava me sentindo bem. Esperamos os quadros serem leiloados e, no quarto quadro, numa grande tela verde, lá estava eu pintada, pasmem! Assinado: Rembrandt! O quadro está em minha casa e eu não sabia como compartilhar este acontecimento tão fantástico, o que agora o faço com vocês, leitores amigos! Até!
GLORITA CALDAS