Santo Antônio e São Bernardo um Santo, uma cidade
Opiniao

Santo Antônio e São Bernardo um Santo, uma cidade

14/07/14

Nas noites frias de junho, vendo através da janela a garoa fina, fico lembrando como era São Bernardo nos anos de 1977.
Tais acontecimentos se materializam no meu imaginário através do relato de um grande amigo, que entre vários atributos é um excelente contador de “causos”.
Esse meu amigo, Dr. Tito Costa certa vez, almoçando no restaurante Santo Antônio, após provocado, entre uma polenta e outra, foi me contando sobre a origem da missa dos Antônios.
A capela, dedicada a Santo Antônio, foi criada para que os colonos, que eram muito católicos, após um dia de trabalho dirigissem até ela com o intuito de rezar o rosário. Uma vez por ano, um sacerdote da Matriz de São Bernardo visitava a capela, normalmente no dia de Santo Antônio, onde procissões e festas eram feitas pelos moradores.
Esse mesmo amigo contador de “causos”, além de brilhante jurista e advogado, por “acauso”, também foi prefeito da cidade. Passou a frequentar todos os anos a missa em homenagem ao Santo, levando consigo vários “Antônios”, inclusive eu, fazendo daqueles momentos, encontros muito agradáveis e inesquecíveis. Onde pessoas que ajudaram a construir nossa cidade, se encontravam e ficavam por horas, depois da missa, relembrando sua vinda para o município. Surgindo assim, a missa dos “Antônios”.
Durante as missas o que mais me chamava a atenção, era o momento de apresentação, que naturalmente surgia entre os antigos frequentadores e os que ali estavam pela primeira vez. Acontecia mais ou menos assim:
“Ola, prazer! Meu nome é Antonio e o seu? Ah, eu me chamo Antonio também mas, pode me chamar pelo apelido. (Que muitas vezes era o mesmo – Toninho).
Nesse trato, eu com o Doutor Tito nos dávamos bem pois Tito e Tunico não eram tão comuns assim.
É verdade, que ações como essa, não são suficientes nem resolutivas para enfrentar os problemas de uma cidade tão complexa, todavia são nessas manifestações, onde se reúnem as autoridades, os moradores anônimos e os “Antonios” que surgem, o espírito agregador e comunitário, as ideias e a vontade de cuidar e zelar pela cidade em que vivemos.

Tunico Vieira é professor – mestrado da Universidade Metodista e advogado