São Vito Mártir – Festa no Brás
Luiz José M. Salata Opiniao

São Vito Mártir – Festa no Brás

A Festa de São Vito se trata de uma grandiosa festa de tradição católica italiana que acontece todos os anos na cidade de São Paulo, neste ano até o dia 15 de julho. A festa com 115 anos de funcionamento acontece aos sábados e domingos na Rua Polignano A Mare, nº 265, no Bairro do Brás, próximo à zona cerealista.
   Os italianos moradores da capital, principalmente os puglieses promoveram a primeira festa no ano de 1918, e no ano seguinte fundaram a Associação São Vito Mártir e a Capela com o seu nome, cuja imagem foi trazida da Itália em devoção ao Santo, tornando assim tradicional manifestação visto o grande conjunto cultural e religioso. A Associação São Vito Mártir passou a ser encarregada de organização e preparação da festa, desde os primeiros tempos e até os dias atuais, atuando nos ensinamentos da religião católica, além da promoção de reuniões recreativas de caráter festivo, esportivo e social.
   Atualmente, o evento passou a se dividir em dois: um na rua, organizado pela paróquia e outro no ginásio preparado pela Associação Beneficente São Vito Mártir. A festa é estruturada com dezenas de barracas, com comidas típicas, tais como: espaguete, ricchitelle e penne, e músicas tradicionais italianas. O bom vinho não poderia faltar, como também as saborosas sobremesas italianas. No final da festa, seguindo a tradição os participantes soltam fogos de artifício para embelezar toda essa grandiosa realização religiosa e festiva. A renda arrecadada com o evento é convertida em ajuda financeira para manutenção das obras sociais, tais uma creque-escola e a manutenção dos prédios que acolhem as atividades educacionais. Existe um projeto de Inclusão Digital, onde as pessoas de baixa renda podem realizar cursos de informática e atendimentos odontológicos gratuitos à comunidade carente do Brás e região.
   A assistência social aos carentes principalmente da região da zona do Mercado Municipal, presta relevantes trabalhos de atendimento visto a precariedade dessas pessoas na vivência nessa região. Mas, relembrando, Vito nasceu no final do século III, na antiga cidade de Mazara, na Sicília ocidental, de família pagã, muito rica e de nobre estirpe. A mãe faleceu quando tinha tenra idade e seu pai, Halaz, contratou uma ama, Crescência, para educar e cuidar do menino. Ela era cristã, viúva, tinha perdido o único filho havia pouco tempo, de linhagem nobre, mas em decadência financeira.
   O pai ainda contratou um professor, chamado Modesto, para instruir o herdeiro, entretanto era também cristão. Como o pai era um obstinado pagão que encarava o cristianismo como inimigo a ser combatido, por isso Modesto e Crescência nunca revelaram que eram seguidores de Cristo, contudo educaram o menino dentro da religião.
   Aos doze anos, clandestinamente já tinha sido batizado e assim demonstrava identificação total com os ensinamentos de Jesus. Ao saber do batismo, o pai tentou convencê-lo a abandonar a fé, o que não deu resultado e partindo para a força e, como castigo, entregou-o ao governador Valeriano, que o encarcerou e maltratou por vários dias, na tentativa de Vito abdicar de sua fé. Porém, Crescência e Modesto conseguiram arquitetar uma fuga e, segundo a tradição, com a ajuda de um anjo, tiraram Vito das mãos do governador e fugiram para Lucânia, onde esperavam encontrar a paz.
   Reconhecidos depois de algum tempo, passaram a viver de cidade em cidade, fugindo dos algozes. Vito que desde os sete anos havia manifestado dons especiais, praticou muitos prodígios como o mais célebre deles quando ressuscitou, em nome de Jesus, um garoto que tinha sido estraçalhado por cães raivosos. A perseguição teve trégua apenas quando o filho epiléptico do imperador Deocleciano ficou muito doente, assim o soberano mandou que o trouxessem à sua presença e pediu-lhe que intercedesse pelo doente.
   Vito então rezando com todo fervor e em nome de Jesus curou-o, porém Deocleciano pagou com a traição, mandando prendê-lo, pois que não aceitou renegar a fé em Cristo para ser libertado. Diante da negativa, aos quinze anos foi condenado à morte que ocorreu em 15 de junho de 304, depois de muitas torturas. O jovem mártir Vito existiu conforme consta no Martirológio Gerominiamo, sendo suas relíquias sepultadas em Roma, e no ano de 755, foram enviadas para Paris e mais tarde entregues a Venceslau, santo rei da Boêmia, que em 958, fez construir a belíssima catedral que leva o nome de São Vito e que conserva até hoje a sua história.
   Desde a Idade Média, ele é considerado um dos quatorze santos auxiliares, cuja intercessão é muito eficaz em ocasiões específicas e para diversas curas invocadas para a cura de epilepsia, da coréia, doença conhecida como dança de São Vito, letargia, de mordidas de cães e animais raivosos e hidrofobia. São muitos os devotos.