Seminário na Braskem discute o futuro da indústria química
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Seminário na Braskem discute o futuro da indústria química

Representantes das principais indústrias químicas do ABC, o prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira, e deputados estaduais estiveram reunidos, na segunda (2), para o seminário: “O Futuro da Indústria Química”, no auditório da Braskem, em Mauá.

O objetivo do evento, segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, é escutar as indústrias químicas da região. “Nossa ideia é tirar alguns encaminhamentos. Já vimos discutindo um pouco sobre o futuro da indústria na nossa região. A nossa região é industrializada, quase um terço do PIB do ABC provém da indústria. Há cidades, como Diadema, em que o PIB industrial representa quase metade do PIB da cidade”, explica.

Tiago Nicácio Pereira, assessor da Secretaria-Executiva do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável e da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, afirmou que o evento promove a discussão de um setor “tão importante” que tem um desdobramento que está ligado ao o ABC e reafirmou o compromisso do governo federal com a indústria química. “Nossa missão, no governo federal, é fomentar a discussão entre diversos atores, que atuam para fomentar o desenvolvimento”, afirma.

Na ocasião, o presidente executivo da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química), André Passos, falou sobre o cenário químico do Brasil, no primeiro semestre, no qual, a produção e vendas da indústria química recuaram para o patamar mais baixo em 17 anos.

“A indústria química está sofrendo, em especial, neste primeiro semestre. Um ataque forte de produtos feitos em outros países. Tivemos um aumento significativo das importações no nosso país, recentemente. Não é 5% ou 10%, é um aumento de quase 70% no volume de produtos químicos importados, em especial da Ásia e dos Estados Unidos. Com o aumento da importação e queda no consumo, houve queda na arrecadação de tributos federais na ordem de R$ 2 bilhões, apenas no primeiro semestre. Trata-se de um ciclo vicioso que precisa ser combatido”, avalia Passos.

O Brasil também vem perdendo as suas indústrias e isso não acontece apenas com a Petroquímica, de acordo com a diretora de Relações Institucionais da Braskem, Renata Bley. “Ano após ano, via de regra, temos encolhido da indústria petroquímica fortemente. A indústria química e petroquímica vem encolhendo ano após ano. Não existe um país forte sem uma indústria química forte. Estamos na base de absolutamente todos os outros segmentos, sem exceção. É importante discutirmos o crescimento, a sustentabilidade e o futuro do nosso setor”, enfatiza.

No primeiro semestre deste ano, de acordo com dados divulgados pela ABIQUIM durante o evento, em razão do recuo de preços, o déficit comercial de produtos químicos recuou mais de US$ 6,0 bilhões nos últimos 12 meses, em relação ao déficit de 2022, alcançando US$ 56,9 bilhões. Além disso, há 67% de uso médio da capacidade instalada das indústrias químicas e 33% encontra-se em ociosidade.

Segundo o executivo, só a volta do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) não é suficiente para reverter essa situação delicada que enfrenta a indústria química. “Precisamos mais que a volta do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), precisamos de estímulo em toda a cadeia química para uma reação estrutural, continental e sistemática”, diz.

Evandro Banzato, secretário de Desenvolvimento Econômico de Santo André, avaliou que é necessário inovação para a indústria química. “A inovação é fundamental para o avanço da indústria química. A inovação é ponto chave para o avanço da nossa sociedade e do nosso país”, afirma.

Já o prefeito de Mauá, Marcelo de Oliveira, avalia que as construções verticais não devem ser feitas ao redor do Pólo Petroquímico. “O principal objetivo, de nós que somos prefeitos, é o Plano Diretor que está sendo discutido em Santo André, em Mauá e São Paulo e a volta do Conselho Metropolitano, para retomarmos as reuniões”, ressalta.

À Folha, o coordenador da Frente Parlamentar da Indústria Química do Estado, Luiz Fernando Teixeira, revelou que o governo federal está atento a esse problema. “Já devolveu o REIQ, e queremos mais. Precisamos proteger a indústria química. A alta importação está se dando por conta da guerra.O petróleo está sendo vendido a 46% abaixo do valor internacional de mercado para alguns países que estão produzindo barato e jogando essa mercadoria no Brasil. Precisamos proteger a indústria química. Queremos que esses 33% voltem a operar e produzir.Imagina a quantidade de empregos que poderiam ser gerados no ABC com essa volta?”, destaca.

A deputada estadual, Ana Carolina Serra (Cidadania), que também compõe a Frente, ressaltou: “O diálogo é a solução. A necessidade de apoio à indústria química urge. Todos nós somos parte da indústria química. Não só pelo lado social, como o lado da produção acima de tudo, como o da transformação. Não importa a ideologia, o lado em que estamos, nós somos um só”.