O prefeito de Santo André, Paulo Serra, em entrevista exclusiva, faz um balanço do sétimo ano de governo. Revela que há 1.400% a mais de investimentos privados na cidade e que houve um crescimento de 390% em relação a geração de empregos, na comparação com o primeiro ano de sua gestão. “Isso mostra que a cidade recuperou a credibilidade, a sua força econômica”, diz. No Desenvolvimento Econômico, conta que de cada 10 lançamentos imobiliários no ABC, 7 são em Santo André. Também, que a cidade redescobriu a vocação, que, na avaliação do prefeito, se consolida como um polo gastronômico, na prestação de serviços e com o eixo logístico da Avenida dos Estados. Para 2024, Serra garante que irá manter o ritmo de trabalho, com “empenho e dedicação”. Sobre a escolha do nome para sua sucessão diz que ficará para depois de abril, mas admite que já haja movimentações nos bastidores. “Temos, claro, um bastidor já pensado e ainda bem que a gente tem bastantes alternativas para evitar que o PT volte a governar Santo André”, revela. Confira.
Folha do ABC- O sr. chega ao terceiro ano do segundo mandato. Como avalia essa trajetória?
Paulo Serra- Acho que o saldo é muito positivo para o morador, para a moradora e para a cidade. Conseguimos recolocar a cidade em um caminho de crescimento, de retorno dos investimentos em todas as áreas. Os números são muito favoráveis. Se compararmos com o primeiro ano de gestão, os números são maiores. Temos 390% a mais na geração de emprego, 1.400% a mais de investimentos privados na cidade, o que mostra que a cidade recuperou a credibilidade, a sua força econômica, e temos 89% de aumento da capacidade própria de investimento. Isso é o resultado do choque de gestão, de uma gestão mais responsável do ponto de vista financeiro. Então, isso tudo resultou, não tenho dúvida, numa melhora da qualidade de vida. É tudo aquilo que a gente se comprometeu, no primeiro ano de governo, em 2016 e na reeleição em 2019. Temos conseguido tirar do papel, cumprir o plano de metas. As pessoas sentem isso, percebem o nosso esforço, do quanto a gente se dedica, do planejamento.
Folha- Quais os principais destaques nas áreas mais sensíveis à população, como Saúde, Educação, Economia?
Serra- Na Saúde, evoluímos muito. Já são 30 unidades modernizadas dentro do QualiSaúde, com informatização, humanização do atendimento e melhoria da estrutura. Quando informatizamos, também, racionalizamos, fazemos com que o tempo de espera diminua, que tenhamos ampliação do atendimento, sempre a custo, porque fica mais planejado.
O Fila Zero, já tínhamos, até o final de 2019, praticamente zerado as filas, e o Saúde Fila Zero, teve que ser retomado, com a mesma intensidade do início da gestão, por conta da pandemia.
Na pandemia, as pessoas deixaram de fazer cirurgia eletiva, consulta de rotina, ninguém ia no hospital durante a pandemia, com receio até de contrair Covid.
Então, isso criou uma nova demanda reprimida, mas que a gente fecha esse ano, praticamente zerando todas as filas especiais, de especialidades, de exames laboratoriais, de consultas e exames de clínico geral, nas principais demandas da cidade. Não vou dizer que a gente zerou todas, mas posso dizer que 90% das demandas que tínhamos na saúde.
Além disso, há a questão das obras, dos grandes equipamentos. Entregamos o CHM totalmente modernizado, é um outro hospital do que comparado ao de 2017, completamente diferente no serviço, na estrutura, na capacidade.
Temos o Hospital da Vila Luzita que, inicialmente, vai ser um Hospital Dia, para casos crônicos, e que vamos entregar até o meio do ano que vem. O Hospital Veterinário vamos entregar no início do ano, até fevereiro. Estamos contratando uma organização social que é especializada em causa animal, para fazer essa gestão do hospital. Vamos terceirizar a gestão, para que quem cuide sejam especialistas. Também o Hospital da Mulher está sendo modernizado, a Ana Carolina conseguiu, via Estado, novos equipamentos de exames e consultas, por meio do programa de Saúde da Mulher no Estado, e já começou a gerar frutos para a cidade.
Já recebemos equipamentos novos e, até abril do ano que vem, vamos, também, entregar um Hospital da Mulher ainda mais modernizado.
Na Educação, em 2017, trouxemos 17 escolas estaduais para a rede municipal, então a gente ampliou a rede, trazendo esses alunos. Municipalizamos 17 escolas, foi uma evolução para a cidade. A educação também é uma área de política pública que tem uma cicatriz profunda da pandemia, teve um prejuízo que a gente ainda está medindo no aprendizado das crianças, de uma forma geral, e não só pública. Os alunos perderam por um bom tempo a convivência, o ensino presencial, e isso traz um prejuízo. Distribuímos tablets com internet para os alunos, a gente se preparou para ter o ensino à distância com qualidade, mas nada substitui o presencial. Não adianta. Ainda mais para o aprendizado das crianças, tem a convivência escolar, a comunidade escolar, os amigos, não tem igual.
Então, lançamos um programa também de busca desses alunos que saíram da escola para a gente combater a evasão escolar. Em 2023 ele surtiu muito efeito, a gente reduziu a evasão escolar em 30%. É um índice muito bom. E as creches, a gente zerou o déficit. Tínhamos mais de 3,5 mil crianças fora da creche. Já entregamos 10 e temos mais 3 em construção. Vamos chegar a 13 creches. E aí zeramos, definitivamente, o déficit de creche, que hoje já não existe, mas que sabemos que precisamos sempre atualizar. Entregamos uma EMEI de ensino integral, no Alzira Franco.
Além dessa questão da ampliação de vagas e de estrutura, há um investimento na qualidade, robótica, lousas digitais, qualificação dos professores, para a gente conseguir casar o ensino mais tradicional, da lousa e do giz, que não vai deixar de existir, não tem que deixar de existir. Casamos isso com a ferramenta tecnológica, com a lousa digital, com a internet, com o tablet, com a robótica, preparamos futuros cidadãos e cidadãs da cidade com uma formação integral, uma visão de mundo diferente.
Na Economia, tivemos nessa área uma das maiores evoluções. Lideramos o Caged novamente, já lideramos em 2022, se comparado, claro, a cada 100 mil habitantes, não dá para comparar com a Capital, em número absoluto. Mas, o nosso índice sempre é proporcional ao tamanho da cidade. Então, nesse índice, Santo André tem liderado em 2022 e 2023.
Devemos fechar o ano como líder da região. Na construção civil, temos um super destaque. Crescemos 70%. Então, de cada 10 lançamentos do ABC, 7 são em Santo André. O nosso parque tecnológico tem, hoje, mais de 100 empresas já associadas. Iniciamos a construção do Centro de Inovação e Tecnologia do CIT, no antigo prédio da Rhodia, que entregaremos, também, ano que vem. Vai ser mais um espaço para desenvolvimento de inovação, de mão de obra qualificada, nessa linha da gente redescobrir a vocação de Santo André, que hoje é de serviço, ela é o polo gastronômico do ABC, também de crescimento habitacional da construção civil de médio e alto padrão e da indústria 4.0 da tecnologia. O mais importante é a consolidação do eixo logístico da Avenida dos Estados. Esse, para mim, foi talvez o grande destaque de 2023, porque a gente entregou a Avenida dos Estados nova, estruturada, do ponto de vista da estrutura mesmo, do asfalto, do monitoramento, da iluminação, da drenagem, da questão física da avenida, e que atraiu a Femsa Coca-Cola, a Royce Connect, a MBigucci, que fez um complexo que já está 100% alugado e já está na fase 2 e 3. Temos a Goodman, que comprou área da Rhodia e vai investir R$ 600 milhões no maior complexo logístico da região. Então, não tenho dúvida que é, além do polo petroquímico, é um dos maiores avanços que temos na área do desenvolvimento econômico.
Também a Rede D’Or vai dobrar os leitos na cidade, vamos para 700 leitos no Hospital Brasil. Investimentos também da ordem de mais de R$ 500 milhões, que vai fazer de Santo André o maior hub de saúde da Rede D’Or do Brasil, mais que o Rio de Janeiro.
No total, em investimentos privados, podemos falar na ordem de R$ 2,5 bilhões, desde o início da nossa gestão, e só no ano de 2023, tivemos R$ 1 bilhão de anúncio de investimentos privados em Santo André. É muito significativo o crescimento, é 1.400% a mais do que no primeiro ano de governo. E investimento público, vamos chegar na ordem de R$ 500 milhões de investimento em todas as áreas, que também reflete um crescimento de 90% comparado ao primeiro ano da gestão.
Folha- Quais obras serão entregues em 2024?
Serra- Neste ano, tivemos os programas de infraestrutura que são importantes, fizemos mais de 100 km de asfalto, com o Rua Nova. Chegamos a 75% da cidade com iluminação de LED. O Parque Central ganhou iluminação nova, saindo de 120 pontos de iluminação para 580 de luz. O Banho de Luz chegou a 75% da cidade. Iniciamos as obras das usinas fotovoltaicas, que é uma inovação. Vamos produzir a própria energia, com isso, vamos reduzir a conta de luz do morador, da moradora da cidade, através da redução da contribuição da iluminação pública.
Agora, de infraestrutura, temos as obras de drenagem, de combate às enchentes, que a gente conseguiu autorização da CAF para começar na Vila Pires e na Vila América. Temos a nova Avenida Maurício de Medeiros, no Cata Preta, que também é uma obra importantíssima. Essa avenida vai ter para o Cata Preta a mesma importância que a Av.Capitão Mário teve para a Vila Luzita. Vamos levar o desenvolvimento. Na Vila Humaitá e no Centreville, aquela avenida nova. E o Complexo Viário de Santa Teresinha, é o maior gargalo da cidade hoje, 5 mil veículos por hora. Vamos entregar o viaduto Castelo Branco, quatro novos viadutos, já entregamos uma ponte nova. Quatro novas pontes, e dois novos viadutos por cima da rotatória. Já estão sendo cravadas as estacas, por isso que está bem conturbada aquela região, mas é por um bom motivo, para a gente acabar de vez com esse problema. Essas são as obras mais importantes do ponto de vista da infraestrutura da cidade. Mas, tivemos entrega de Escolas Parques, de praças de esporte, de unidades de saúde, tivemos evoluções em todas as áreas na questão da infraestrutura.
Folha- Em relação ao diálogo e novos investimentos em parceria com o governo federal e o Governo do Estado, como está a situação?
Serra- O Governo do Estado tem nos atendido na Avenida dos Estados, grande parte foi uma parceria com o governador, o Tarcísio esteve até entregando. Para a Saúde, para o QualiSaúde, a Ana Carolina conseguiu R$ 31 milhões, sendo R$ 11 milhões de emendas dela e R$ 20 milhões de parceria com o Governo do Estado, através da atuação dela na Assembleia. Então mostra a importância de termos uma deputada atuante, com ligação com a cidade.
E temos novos projetos protocolados, um deles é a Estação Pirelli. Esse é um projeto que o governador tem demonstrado interesse em tentar resgatar, mas a gente tem cobrado muito. Temos a reforma das estações de trem, mais investimentos na área de segurança.
E no Governo Federal, o nosso grande ponto foram as creches que conseguimos liberar. Agora, no Parque, credenciamos o Piscinão do Parque da Juventude, porque vamos fazer com recursos do CAF todos os reservatórios da Vila Pires e da Vila América. Vamos ampliar o Piscinão da Vila América, em 30%. Então, isso já vai resolver aquela região de maneira muito significativa, mas para a gente ter uma solução definitiva, vamos transformar o parque em um piscinão, que é uma solução até diferente de fazer no lugar daquele piscinão impermeabilizado de cimento, do que estamos acostumados. Estive lá na COP 28 e as cidades estão discutindo, hoje, soluções de drenagem diferentes da que a gente discutia há cinco, seis anos. Talvez esse seja o primeiro exemplo do novo formato de armazenamento de água, que é usando o próprio parque como um armazenador de água para que não tenhamos mais áreas impermeabilizadas na cidade. Mas, com uma consciência grande das pessoas, que em determinados períodos do ano, o espaço vai ser utilizado como piscinão.
Folha- E para 2024, o último ano do segundo mandato? Qual vai ser o tom do governo e o que a população pode esperar?
Serra- Podem esperar a manutenção desse ritmo de trabalho, desse empenho, dessa dedicação. Sou um apaixonado por Santo André e faço isso com muita alegria, me dedico com muita tranquilidade. E mais investimentos. Temos um projeto de planejamento de 30 anos para a cidade, que é o Santo André 500 anos, que não vai se esgotar com o fim do mandato do prefeito Paulo Serra. Queremos deixar isso para a cidade e, até abril do ano que vem, vamos apresentar quais serão os desafios para a cidade para os próximos 30 anos. Queremos deixar tudo bem encaminhado. Teremos, por exemplo, o início das obras da cobertura e modernização da rua Oliveira Lima, com a Praça do Carmo.
Temos equipamentos culturais que vamos devolver para a cidade, como o Teatro Municipal, o Museu, que são fundamentais e que estão passando por um processo de modernização. Vão ficar incríveis. Aumentamos o Carlos Gomes e o Conchita, mas o Teatro Municipal é o nosso principal símbolo. Então, vamos devolver ele para a cidade muito mais moderno. Tem muita coisa que as pessoas podem esperar. Vamos continuar cumprindo o nosso Plano de Governo, o nosso compromisso com as pessoas e com a cidade, para a gente ir melhorando cada vez mais a qualidade de vida do andreense.
Folha- Em 2024 haverá as eleições municipais. O senhor está avançando na decisão do sucessor?
Serra- A nossa definição da sucessão, antes do nome, temos uma grande equipe. Temos grandes quadros políticos, grandes quadros técnicos. Sempre praticamos nas secretarias que se o adjunto fosse técnico, o secretário tinha que ser político e vice-versa, nesse casamento do político com o técnico.
A iniciativa privada tem boas contribuições para dar para o poder público, mas a política é importante. A administração pública tem outro ritmo, tem outros desafios. Estamos definindo o conceito ainda. O conceito dessa chapa, se vai ser mais técnica, mais política, como é que vai ser essa composição, para, a partir daí, a gente discutir o nome. Até abril do ano que vem não vai ter novidade nesse sentido. Até porque tem o aniversário da cidade, o foco é na gestão, no nosso plano de governo. Mas, temos, claro, um bastidor já pensado e ainda bem que a gente tem bastantes alternativas para evitar que o PT volte a governar Santo André.
