Sicoob inaugura nova agência em Santo André
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Sicoob inaugura nova agência em Santo André

O Sicoob Crediconsumo inaugurou mais uma agência em Santo André, desta vez na Avenida Gilda, em Santo André. Marcio do Valle, ex-presidente executivo da Coop, é atual presidente do Conselho de Administração do Sicoob. Em entrevista exclusiva à Folha, Marcio reforçou a representatividade da região do ABC para a instituição, que possui 6,7 milhões de cooperados e está presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Marcio afirmou que setor bancário enfrentará um ano extremamente desafiador em 2023, com reflexos para 2024. Segundo o executivo, a aprovação da “PEC da transição” pode trazer o benefício de aquecer a economia e diz que em situações de maior incerteza, dificuldade ou desconfiança, as cooperativas crescem relativamente ao mercado. A seguir, trechos da entrevista.

Folha do ABC – Sicoob ocupa a primeira colocação entre as instituições financeiras com a maior quantidade de agências no Brasil, segundo ranking do Banco Central, com presença em mais de 2 mil cidades brasileiras. Qual a representatividade da região do ABC para a instituição?
Marcio do Valle – O Sicoob, composto por cerca de 350 cooperativas singulares, possui mais de 4 mil pontos de atendimento, em mais de 2 mil municípios, em todos os estados do Brasil. Em 360 municípios, é a única instituição financeira, conforme dados de setembro de 2022. É o 13º maior grupo empresarial do país, segundo o ranking das Melhores e Maiores da Revista exame (2021), categoria Bancos). No ABC, pertencentes ao Siccob Confederação, existem sete cooperativas classificadas como de livre admissão, instaladas em 10 agências, além de outras três segmentadas, ligadas exclusivamente a empresas ou instituições.
Sicoob Confederação (Confederação Nacional das Cooperativas do Sicoob): pertencente ao CCS – Centro Cooperativo Sicoob, composto também pelas seguintes entidades: Banco Cooperativo Sicoob (Banco Sicoob); Sicoob Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. (Sicoob DTVM); Sicoob Soluções de Pagamento Ltda. (Sicoob Pagamentos); Fundação Sicoob de Previdência Privada (Sicoob Previ); Sicoob Administradora de Consórcios Ltda; Sicoob Seguradora de Vida e Previdência Privada S.A. (Sicoob Seguradora); Instituto Sicoob para o Desenvolvimento Sustentá-vel (Instituto Sicoob) e o Fundo de Proteção do Sicoob.

Folha – O Sicoob tem mais de 6,7 milhões de cooperados e está presente em todos os estados brasi-leiros e no Distrito Federal. Para os próximos anos, há planos de expansão e investimentos focados na região do ABC?
Valle – O Sicoob tem um objetivo agressivo de expansão nos municípios em que já atua, e de entrada em novas regiões. O plano atual está sendo atualizado, para o período de 2023-2025, e ainda não está consolidado. Para o ABC, é possível observar já há alguns anos, a abertura de novos pontos de atendimento, abertos ao público e estabelecidos como escritórios de negócios, que não percebemos. Mas o crescimento é vigoroso. Temos também que avaliar o ponto de equilíbrio entre pontos físicos de atendimento e os canais digitais, que ganham cada vez mais relevância junto ao consumidor. No caso das cooperativas de crédito, assim como em qualquer cooperativa dos diversos ramos, a pessoa é a principal prioridade, e é natural que o nosso modelo de negócio dê um peso relevante aos postos de atendimento onde é possível estabelecer um relacionamento próximo e acolhedor ao nosso cooperado. Posso falar pela Crediconsumo, para este ano já temos confirmada mais uma agência no ABC, em São Bernardo. Também abriremos uma agência em Cariacica, no Espírito Santo. Mas, posso afirmar que o ABC é uma das prioridades do Sicoob para expansão, pelo potencial da região e pela cultura cooperativista que já tem desenvolvida.

Folha – O sr. ocupou por muitos anos o posto de Presidente da Coop. Atualmente, é Presidente do Conselho Administrativo do Sicoob. Em sua avaliação, quais serão os principais desafios do setor bancário para 2023?
Valle – O setor bancário enfrentará um ano extremamente desafiador em 2023, com reflexos para 2024, inclusive. Depois de um ano de grandes riscos externos, ligados aos reflexos da pandemia e à guerra entre Rússia e Ucrânia, observa-se o início de ações de contenção da inflação, que é um fenômeno mundial. O Brasil até se antecipou, e está em uma posição mais favorável, mas também sofrera os impactos do aperto monetário global.
As medidas de reorganização da economia, particularmente o combate à inflação, reduzem as perspectivas de crescimento, com desaceleração do crescimento e mesmo riscos de recessão, como no caso dos Estados Unidos, para o segundo semestre.
Por outro lado, há um certo otimismo com as medidas de flexibilização da China em relação à Covid-19. Da mesma forma, a Europa poderá ter uma recessão mais branda, a depender de como ficará o suprimento de gás e energia elétrica.
  O preço das commodities ainda estão baixos, mas poderão aumentar, a depender da demanda chinesa, gerando mais pressão sobre a inflação e pressionando por medidas mais restritivas na economia (aumento ou não redução das taxas de juros)
No Brasil, temos o desafio de controlar a inflação e o crescimento da dívida, buscando equilíbrio fiscal. Por outro lado, a aprovação da “PEC da transição” age em sentido oposto, mas pode trazer o benefício de aquecer a economia, além do objetivo principal que é o de dar condições mínimas de sobrevivência aos brasileiros. É com este “cabo de guerra” que o governo e o Banco Central terão que lidar para levar a economia ao crescimento e melhoria das condições da população, sem criar um problema maior e mais grave no futuro.
  No Brasil a necessidade de conter a inflação e as incertezas externas contribuem para dar alta volatilidade ao mercado. A previsão para o crescimento do PIB, de acordo com o último relatório Focus, está em 0,8%. É um nível de crescimento insuficiente para voltarmos a recuperar nosso poder aquisitivo. E a previsão de juros mantem-se elevada, consequência da previsão de inflação que deve ficar acima do limite da meta em 2023.
  Este cenário tende a provocar maior desaceleração na carteira total de crédito. Manutenção de altas taxas de juros comprometem os investimentos, não permitem forte geração de emprego e renda, e podem levar a aumento do endividamento e da inadimplência.
Por outro lado, como comentado anteriormente, pode ser que as medidas de injeção de dinheiro, via programas de transferência de renda e investimentos públicos em infraestrutura, transportes, ciência e tecnologia etc, sejam capazes de dar algum dinamismo ao mercado.
Em resumo, conforme estudo do Banco do Brasil, os desafios para a economia brasileira em 2023 não são desprezíveis, especialmente quando observamos o patamar contracionista dos juros, as incertezas associadas ao cenário global e os fatores que favoreceram a economia doméstica em 2022, e que não estarão presentes em 2023.
  Para as cooperativas de crédito este cenário resulta em grande oportunidade de crescimento, devido às suas vantagens altamente competitivas em relação às demais instituições do sistema financeiro nacional, e à sua proximidade com os cooperados e com as comunidades onde atua.
O que se observa, sempre e em todo o mundo, é que nas situações de maior incerteza, dificuldade ou desconfiança, as cooperativas crescem relativamente ao mercado. E, independentemente do ambiente, é o que se tem observado com o sistema nacional de crédito cooperativo, que tem crescido acima da média do mercado, acima de dois dígitos, já a alguns anos.