Somos iguais
Opiniao

Somos iguais

“Mãe eu não vou pra escola assim.” protestou Leslie “Por que não?” “Porque eu não quero que ninguém dê risada de minha cabeça raspada.”
A mãe, portanto, teve uma ideia e comprou uma peruca. Argumentos vão, argumentos veem, a menina topou vestir os cabelos falsos e foi pra escola. No recesso havia uma porção de crianças a correr, brincar, jogar bola, e conversar. Porém, Leslie ficava num canto acompanhada de seu complexo de solitude, quando chega alguém e, sem querer esbarra em sua peruca, de modo que cai no chão. Ela abaixou para apanhá-la e quando levantou viu todo mundo rindo de sua aparência incomum. Leslie nem voltou pra sala, foi direto para a diretoria ligar para a casa. A mãe ficou muito triste e a menina parou de ir à escola por um bom tempo.
Prontamente a mãe foi à farmácia em busca de um remédio para crescer cabelos. Quem a atendeu foi um funcionário que estava lá há poucos dias e não tinha muita experiência, mas tinha coração. A mãe pediu-lhe o remédio e contou-lhe a história da filha e todo sofrimento desse calvário. O farmacêutico teve uma ideia. Ele escreveu um bilhete que dizia assim:
‘Olá, meu nome é Leslie, desculpe se vos perturbo, mas gostaria de ser tratada como eu sou, pois sou igual a vocês, apenas tenho câncer e devo continuar careca por um bom tempo. Sofro com preconceitos e, talvez, eu não tenha muito tempo de vida, mas assim como vocês, eu necessito continuar a viver com motivação – o que tem sido muito difícil sem apoio. Grato pela atenção.’
O farmacêutico que escreveu esse pequeno apelo, fez inúmeras cópias e distribuiu pela cidade. Toda vizinhança recebeu. Na escola foi ter com a diretora, quem o permitiu a entrega do aviso a todos alunos, professores e colaboradores. No dia seguinte, o rapaz foi ter com Leslie pouco antes do horário das aulas:
‘Olha, não importa o quanto a vida vai te bater. Esteja certa de que todos nós vamos cair, mas o que importa mesmo é o quanto você vai resistir. Por isso levante a cabeça e vá à luta. Sinta orgulho de você mesma, e lembre-se: não importa o quão frágil seja uma situação, sempre cabem dois lados. Vá para escola e escolha o lado da motivação.” a menina se sentiu renovada.
Leslie pegou a mochila, pôs a peruca e foi de carona com a mãe. A menina parou diante do portão, mas não entrou. Invés disso, deu meia volta, reclinou-se na janela do carro, tirou a peruca e falou: ‘Mãe não preciso mais disso aqui’. A mãe apenas consentiu com um olhar.
Quando Leslie chegou à sala, encontrou-a com as portas, janela e cortinas fechadas. Bateu à porta ao que ouviu a voz do professor: ‘Pode entrar!’
Qual não foi sua surpresa ao presenciar que todos os alunos, inclusive o professor estavam como ela. E na lousa uma promessa: “não deixaremos nossos cabelos crescerem enquanto você estiver careca”.