Tecnologia contra a crise
Opiniao

Tecnologia contra a crise

15/09/12

Em flagrante contraste com a crise europeia, a IFA Berlim 2012 superou todas as suas marcas anteriores, em inovação tecnológica, área da exposição e público. Ao longo de seis dias, mais 200 mil visitantes de todo o mundo percorreram a feira e assistiram às palestras do maior evento mundial de eletrônica de entretenimento.
A IFA 2012 mostrou também que as vendas desse setor já estão em recuperação e que os piores momentos da crise europeia ocorreram em 2010 e 2011, quando o faturamento da maioria dos fabricantes de televisores e monitores caiu ou estagnou. Nos últimos seis meses, entretanto, o cenário começou a mudar: o mercado internacional de eletrônica de entretenimento reagiu, graças ao investimento maciço em tecnologia e novos produtos, em especial nas áreas de monitores e televisores de alto padrão.
Por isso, os maiores fabricantes do ranking mundial comemoraram o retorno ao lucro, no primeiro semestre de 2012, em suas palestras e entrevistas à imprensa, com destaque para as coreanas Samsung e LG, as japonesas Sony e Panasonic, a taiwanesa TP Vision e as chinesas TCL e Haier.

Nova estratégia
Entre todos esses fabricantes, o melhor exemplo dessa reação talvez seja a TP Vision, joint venture resultante da união entre a asiática TPV e a europeia Philips, que apresentou lucro já no primeiro trimestre de atividade, além de ter conquistado dias antes da IFA 2012 dois prêmios de prestígio da Associação Europeia de Som e Imagem (EISA, na sigla em inglês), com dois televisores, sendo um pela melhor qualidade de imagem da Europa e outro, por suas características de  eletrônica verde.
A formação da TP Vision, resultante da união da área de televisão da Philips com a da TPV Technology, é um bom exemplo de uma nova estratégia para superar conjunturas mais difíceis, mediante a soma de competências e de marcas. O capital da joint venture é formado por 30% da holandesa Royal Philips Electronics e 70% da taiwanesa TPV Technology. Essa empresa de Taiwan apresenta-se como a maior fabricante mundial de monitores para PCs e a terceira de televisores LCD. E comercializa seus produtos com as marcas AOC e Envision.
Com isso, a empresa holandesa transferiu à TP Vision todo o seu setor de televisores e monitores, que agora passa a projetar, fabricar, distribuir e comer-cializar televisores com a marca Philips em escala global, à exceção de China, Índia, Estados Unidos, Canadá, México e alguns países da América do Sul.
Essa aliança deverá dar novas perspectivas à marca Philips na área de televisores, permitindo-lhe não apenas consolidar sua liderança no mercado europeu, mas também disputar maiores fatias no mercado global de TVs, em especial na área de TVs e displays de grandes dimensões.

Super High Definition
A busca pela melhor qualidade da imagem de TV de alta definição parece tornar-se hoje uma obsessão sem fim. As novidades nessa área incluem avanços nas tecnologias de plasma (Neo Plasma), LCD-LED (cristal líquido e diodos emissores de luz) e, a partir de agora, o LED orgânico (OLED, sigla em inglês de Organic Light-Emmitting Diode).
As duas principais características dos televisores de OLED são a beleza das imagens e a pequena espessura dos monitores. A LG lançou um televisor de 55 polegadas de diagonal com essa tecnologia com apenas 4 milímetros de espessura. O único problema desses televisores nesta fase de lançamento é o preço, que pode chegar ao dobro do melhor televisor do mesmo tamanho em outra tecnologia (LED, LCD ou plasma).
A alta definição (HD) de 2 milhões de pixels já tem soluções com muito maior densidade de pixels. Uma delas é a Super HD 4K (Super High Definition) com 8 milhões de pixesl, ou seja, o quádruplo do número de pixels da HD normal. E a Super HD 8K, com 16 milhões de pixels, ou oito vezes a densidade da HD convencional. Não é preciso dizer que as imagens em 4K e 8K são maravilhosas, por sua nitidez e definição, inclusive com o efeito 3D, ou tridimensional.

O verde triunfa
A eletrônica verde, que reflete a crescente preocupação da indústria com o ambiente, foi, sem dúvida, a tendência dominante em toda a IFA 2012. O discurso dos fabricantes, uniforme em todas as palavras, parece até ensaiado, nesse aspecto. Praticamente todos os novos televisores, PCs, ultrabooks, smartphones e outros equipamentos são apresentados com especial ênfase no baixo consumo de energia, em sua durabilidade, no uso de materiais não-contaminantes do ambiente e nos requisitos de sustentabilidade.
Nos eletrodomésticos, essa preocupação é ainda mais reforçada, em especial no caso de refrigeradores e máquinas de lavar. Até na iluminação o conceito de produtos verdes ganha destaque, com a chegada das lâmpadas de LED, maciças, digitais e frias, que chegam a durar 15 ou 20 anos e economizam até 90% da energia em comparação com as lâmpadas incandes-centes.
Outra tendência surpreendente é a da mídia social. Praticamente todos os dispositivos e equipamentos agora têm acesso à internet e, de modo especial, às redes sociais: Facebook, Google, Tweeter, YouTube e às redes musicais. Até as novas câmeras fotográficas e de vídeo têm acesso à internet e a recursos como a localização via GPS.

Ethevaldo Siqueira, colunista do Estadão (aos domingos), é jornalista especializado em telecomunicações e professor universitário, e-mail esiqueira@telequest.com.br