Teremos máquinas inteligentes e homens imortais? (I)
Opiniao

Teremos máquinas inteligentes e homens imortais? (I)

Entrevistei duas vezes nos últimos anos duas vezes Ray Kurzweil, um visionário de reconhecida competência e talento. Confesso a todos os meus leitores que foram duas experiências jornalísticas fascinantes. Sua inteligência e cultura nos encantam, em especial depois de lermos seus livros – que também são lidos e debatidos por Bill Gates e cientistas do MIT (o Instituto de Tecnologia de Massachusetts) ou da Universidade Carnegie Mellon. Para muitos cientistas, ele é um dos raros futuristas que não fazem ficção científica, mas realmente antecipam com rara precisão o que vai acontecer.
Além de entrevistar Kurzweil, assisti a três palestras de pensador extraordinário. Tomei contato com sua obra no ano 2000 por sugestão do professor João Zuffo, então titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), que me sugeriu a leitura de “The Age of Spiritual Machines – When Computers Exceed Human Intelligence” (A Era das Máquinas Espirituais – Quando os Computadores Ultrapassam a Inteligência Humana). Não tive paciência de esperar a tradução brasileira e decidi comprar logo a edição original pela internet, devorando ainda dois outros livros desse autor incrível.
Kurzweil pensa o futuro como poucos cientistas. Ele aposta que, antes de 2030, assistiremos à fusão do cérebro humano com os computadores. Por volta de 2038, nanorrobôs circularão por nossas artérias e poderão reparar órgãos, combater doenças e reverter o processo de envelhecimento. Antes de 2040, os médicos poderão fazer cópias (backups) de toda informação ou conhecimento armazenado em nosso cérebro e armazená-las em computador. A vitória sobre as doenças nos tornará imortais.

Grandes mudanças em 15 anos
Em seu livro mais recente, The Singularity is Near (A Singularidade está Próxima), Kurzweil prevê que nos próximos 15 anos, o homem poderá ter versões sucessivas de seu corpo. O primeiro poderá ser chamado “corpo humano versão 1.0”. Suas partes e peças serão totalmente intercambiáveis graças à nanotecnologia. A medicina terá descoberto a cura para o câncer e para as doenças do coração ou, no mínimo, poderá controlá-las em nível crônico, mas sem qualquer ameaça à vida. A ciência será capaz de deter o processo de envelhecimento e a evitar a própria morte.
Ambientes de realidade virtual serão rotineiros em nossa vida, como forma de comunicação cotidiana. Em lugar de simplesmente falar ao telefone celular, poderemos participar de um encontro virtual com nossos interlocutores e até passear com essas pessoas por praias, jardins, praças e ruas virtuais.
Encontros de negócios e teleconferências entre várias pessoas serão realizados em lugares calmos, tranquilos e inspiradores. Quando cruzarmos com um amigo ou conhecido numa rua, toda informação sobre essa pessoa será projetada em nossos óculos, como pop-ups, ou na periferia de nossa visão.  (Continua)