Nos mares quentes do Mediterrâneo vive uma água-viva com uma capacidade extraordinariamente rara – pode rebobinar o seu ciclo de vida.
A chamada água-viva “imortal”, ou Turritopsis dohrnii, pode de algum modo reprogramar a identidade de suas próprias células, devolvendo-as a um estágio anterior da vida. Em outras palavras, pode inverter o processo de envelhecimento e, depois de adulta, voltar a ser a um bebê.
Na série de televisão de ficção científica Doctor Who, o herói do programa se transforma periodicamente em uma versão completamente nova de si mesmo. Como a água-viva Turritopsis dohrnii, o médico às vezes faz isso quando está gravemente ferido com risco de morte próxima.
Para a água-viva, sua capacidade de se transformar numa versão mais jovem de si mesma é um mecanismo de sobrevivência espetacular que se manifesta quando fica velha ou doente. Ou enfrenta um perigo sério. Uma vez iniciado o processo de reversão, a “cabeça de sino” e seus tentáculos da medusa se deterioram e se transformam em um pólipo — uma estrutura semelhante à de uma planta que se prenda a uma superfície subaquática. Isso ocorre parcialmente por meio de um processo conhecido como transmutação celular — quando as células mudam de um tipo diretamente para outro, produzindo um plano corporal totalmente novo. E isso pode ser feito muitas vezes, de novo e de novo.
Uma equipe de pesquisadores recentemente sequenciou uma pequena parte do DNA da água-viva. O professor Stefano Piraino, da Universidade de Salento, na Itália, bem no ‘”calcanhar da bota” do mapa desse país (não confundir com Salerno), depois de estar envolvido no trabalho, coordena agora um projeto chamado PHENIX para entender melhor a comunicação entre células em Turritopsis dohrnii. Ele diz que o segredo da “reversão da vida” só pode ser encontrado depois que o genoma completo desse animal for desvendado.
