Um nome a zelar
Opiniao

Um nome a zelar

O nome de cada ser humano é da mais alta importância, pois o carregamos por toda a vida desde a mais tenra idade, e mundo afora.
Em entrevistas, nos bancos escolares, nas relações pessoais, no dia-a-dia, na vida profissional, e até mesmo ao acaso, numa fila de banco, supermercado, loja, nosso nome é nossa eterna marca.
Psicólogos afirmam que, quase sempre, o nome é resultado de uma série de escolhas, entre as quais, a tradição (referência aos avós ); poder político, econômico e social ( referência a políticos, artistas, estadistas, professores, intelectuais e atletas); e afetivos, representando o objeto de amor aos pais.
Infelizmente, existem ainda no Brasil, e a cada vez mais, pessoas que ao escolherem o nome de seus descendentes, preferem nomes absurdos e escandalosos, sem levar em conta, o riso que traumatiza, e a discriminação a que ficarão sujeitas.
Paravicino, Petronílio, Macária, Ulbaldino, Justo, Cornélio, Cloé, Claude, Eutímio, Arsênico, Supercílio, Zoroaldo, Amerina, Diufalho, Catifunda, Minúscula, Taigon, Siglaine, Rudufico, Galbanir, Signelma.
A maioria dos nomes próprios usados no Brasil, sem dúvida, é de origem religiosa ou bíblica, tais como, Maria, José, João, Mateus, Lucas, Marcos, etc.
O nome de um filho pode resultar de uma promessa feita ao santo de devoção da paciente ou parturiente, promessa feita antes do parto para que tudo corra bem, e até mesmo na hora do parto.
Maria das Dores, se o parto for difícil.
Maria das Graças, da Conceição, Aparecida, da Glória, do Rosário, de Jesus, do Ó, da Paz, Benedita…
De algum tempo para cá, assistimos à volta triunfal do K, do W, do Y, do H, dos NN, e dos LL, como muito bem ressalta Ruy Castro em recente artigo na Folha.
Veja se seu nome é um desses: – Christianne, Abdulay, Creedence Clearwater, Aliann, Errol Flynn, Kaibar, Kablias, Kuroki, Waterloo, Walfúrio, Yokanann, Yale, Ziney, Zyvane, Giselle, Gabrielle, Pabllo, Paolla, Uoshinton, Rayanne, Julianne, Dherymon, Thammy, Zezeh, Rhodolpho, Maikon, Kássio, Mikael, Maureen, Suelenn, Lailla, Warlley, Geyse, Darwhan, Dayanne, Dannielle, Annie, Emydio, Carolinne, Wewerton, Whinderson…
Há ainda, familiares que registram seus filhos com nomes começando com a mesma letra: – Kilza, Kátia, Kaila, Kênia, Kadja, Katiane e Kleber.
Em Fortaleza, um cidadão registrou seus seis fi-lhos de maneira inédita: – Jonila Paraguassu, India Guarany, Apurinã da Floresta, Piranaguara, Jaceguay e Audobrantina Moema.
Alguns animais ou aves também estão ligados à denominação humana: – Antonio Camelo, Branca Aranha, Carolina Pomba, Fernando Rato, Jarbas Passarinho, Sarita Formiga, Luiz da Câmara Cascudo, Luisa Lebre, Jacunda Leitão, Leão de Souza, Domingos Pavão, Agnaldo Veado, Aldenora Coelho, Ursino Bezerra.
Mário Souto Maior, etnógrafo, elencou em seu livro denominado “nomes próprios, nada convencionais”, os seguintes registros: – Abdoral Godoy, Arquicionidina Mendonça, Balafrê Andrade, Ciridião Dião Soares, Cassilandro Vernes, Derzuilo Melo, Derlópidas, Epafródito, Eter Sulfurico Amazonino, Filogênio, Floriscena, Exupéria, Ilegível Inelegível da Silva, Hostílio Nitão, Jacy Gramático, Joaquim Pinto Molhadinho, Manso Pacífico de Oliveira Sossegado, Quilidônio, Própato Tranqueira, Questor, Rolindino, Rusivel, Sabetai, Tambatajá, Sindulfo Caledônio Calafange, Soubrasil, Tristão Tibiriçá…
Muito brevemente, e a continuar assim com tamanha criatividade, nomes como Carlos, Roberto, Sueli, Solange, Arnaldo, Silvana, Regina, Sílvio, Luiz, Geraldo, só se verão em cemitérios.